Guardas municipais fazem paralisação de 24 horas em Curitiba


Após morte de quatro guardas em cinco meses, categoria reclama da falta de segurança no exercício da profissão. Apesar do protesto, sindicato afirma que efetivo mínimo será mantido para o atendimento a situações de emergência

Guardas municipais de Curitiba fazem nesta segunda-feira (23) uma paralisação de 24 horas para protestar por melhores condições de trabalho. Desde as 8 horas um grupo de trabalhadores da categoria se concentra na Praça Tiradentes, no Centro, de onde partiram às 10 horas em passeata até a sede do órgão, na Rua Presidente Faria, e, por volta das 10h15, se encaminhavam ao prédio da prefeitura, na Avenida Cândido de Abreu, no Centro Cívico.

De acordo com Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc), cerca de 700 dos 1,7 mil guardas da cidade no ato. Apesar da paralisação, o sindicato garante que um efetivo mínimo será mantido para o atendimento a situações de emergência.

Nos últimos cinco meses, quatro guardas municipais foram assassinados – o caso mais recente foi o de Leocádio Swami de Mello e Silva, de 59 anos, ocorrido no último dia 15, em uma escola do Uberada. Para o guarda Diogo Monteiro, um dos organizadores da passeata, a morte é consequência da falta de estrutura que os profissionais encontram no trabalho. “Há uma carga excessiva de trabalho, faltam profissionais e não há sequer locais adequados para descansar”, reclama.

Monteiro conta que uma pauta de reivindicações foi entregue para a prefeitura no dia 3 de novembro, pedindo, entre outras coisas, a abertura de concurso público para contratação de mais guardas, aumento do piso salarial de R$ 710,88 para R$ 1,3 mil, mudança nas escalas de trabalho e fornecimento de equipamentos, como armas de fogo e coletes à prova de balas. “Somente na semana passada, quando anunciamos a paralisação, é que deram uma resposta, que não estabelece prazos para o cumprimento das solicitações”, afirma o guarda.

A presidente do Sismuc, Irene Rodrigues Santos, diz que a insegurança da profissão tem levado parte da categoria a desistir da carreira. “Dos 220 guardas concursados que foram chamados para começar o curso de formação, apenas 186 continuam, porque o resto desistiu”, afirma.

Os manifestantes esperam ser recebidos por representantes da prefeitura para discutir a pauta de reivindicações. No fim da tarde a categoria se reúne em assembleia para avaliar se houve avanços nas negociações. “Caso não consideremos positivos os resultados, podemos realizar outras manifestações nos próximos dias”, afirma Monteiro.

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da secretaria municipal de Defesa Social informou que até as 10h15 não havia sido agendada nenhuma reunião com os guardas municipais e não estava confirmada a recepção dos manifestantes no prédio da prefeitura. Sobre as reivindicações da categoria, a assessoria disse que não se pronunciaria.

Na semana passada, entretanto, em entrevista à Gazeta do Povo, o secretário municipal de Defesa Social, coronel Itamar dos Santos alegou que nem todos os guardas assassinados neste ano morreram em serviço. Ainda segundo o coronel, existem coletes à prova de balas e armas à disposição dos guardas. “Nós fazemos análise para avaliar se existe a necessidade”, afirmou.

Fonte: Jornal de Londrina