Empresas de transporte de valores são acusadas de locaute


Para sindicato, objetivo dos empregadores é tentar reajuste de contratos com os bancos. MP julga, na sexta-feira (5), pedido para que carros-fortes voltem às ruas

Após seus funcionários terem aceitado as propostas patronais, rachando a greve dos vigilantes de transportes mobiliários, duas empresas do setor – a Prosegur Brasil S.A. e a Brink’s Segurança e Transporte de Valores Ltda – estão sendo acusadas de locaute, a chamada greve do empregador. Nas garagens desde a segunda-feira (1º), quando os trabalhadores do setor iniciaram uma greve por melhores salários, os carros-fortes de ambas as transportadoras ainda não voltaram ao trabalho, deixando agências bancárias, caixas-eletrônicos e casas lotéricas sem abastecimento. “A greve agora é das empresas. E locaute é crime”, disse o presidente do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região Metropolitana (Sindivigilantes), João Soares.

Às 10 horas de sexta-feira (5), o Ministério Público (MP) vai julgar a petição protocolada pelo Sindivigilantes, em que a entidade aponta que os funcionários da Brink’s e da Prosegur “têm ingressado nas dependências das empresas”, mas que, apesar disso, os carros-fortes não foram liberados pelos patrões, o que configuraria o locaute. O sindicato requer que as empresas sejam notificadas, com a aplicação de multa diária caso não reiniciem imediatamente o trabalho de abastecimento das agências, terminais e lotéricas.

Uma petição idêntica também foi protocolada pelo Sindivigilantes no Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR). Não existe um prazo regimental estabelecido para que o tribunal se manifeste quanto à solicitação, mas, de acordo com a assessoria de imprensa, como o assunto afeta diretamente a sociedade, a matéria deve ser julgada o mais rápido possível. O acordo

Em audiência conciliatória realizada no TRT-PR, na quarta-feira (3), a vice-presidente do tribunal, desembargadora Rosemarie Diedrichs Pimpão, determinou o retorno imediato ao trabalho de 50% dos vigilantes em greve, com o objetivo de assegurar “o mínimo indispensável para abastecer as agências”. Os funcionários da Brink’s e da Prosegur acabaram aceitando as propostas das empresas, definindo um acordo, registrado em ata.

Para o Sindivigilantes, as empresas estão descumprindo a decisão judicial do TRT-PR. Esta é a mesma avaliação do Sindicato dos Bancos dos Estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Acre, Amazonas, Pará, Amapá, Rondônia e Roraima. Como “terceiro interessado”, a entidade também protocolou no TRT-PR uma petição para que seja cumprida a determinação judicial e para que a Brink’s e a Prosegur coloquem os carros-fortes nas ruas.

Por meio de assessoria de imprensa, a Prosegur informou que os trabalhos ainda não foram retomados porque os funcionários da empresa ainda permanecem em greve. A declaração causou estranhamento no Sindivigilantes, que pretende denunciar ao MP que os trabalhadores dessas empresas já estão a postos. “Os funcionários da Prosegur e os da Brink’s estão todos dentro das empresas uniformizados, aguardando a determinação dos patrões para sair às ruas”, garantiu João Soares. A Gazeta do Povo não conseguiu contato com representantes da Brink’s.

Fonte: Jornal de Londrina