Professores de Centro de Educação entram em greve em Londrina


Funcionários de entidade filantrópica localizada na Vila Nova, região central, alegam que estão com dois meses de salários atrasados. Direção afirma que o atraso é referente a um mês e aguarda repasse da secretaria de Educação

Quatro professores e funcionários do Centro de Educação Infantil Alaíde Fausto de Souza, localizado na Vila Nova, região central de Londrina, entraram em greve na manhã desta segunda-feira (8). Os profissionais alegam que estão com os salários de dezembro e janeiro atrasados, além da falta de pagamento de horas-extras. O centro, que é filantrópico, atende 84 crianças com idade entre três e cinco anos.

“Estamos cansadas de receber os salários sempre com atraso. A direção se comprometeu em pagar os dois salários na sexta-feira (5), mas não pagaram e também não deram nenhuma explicação. Por isso, resolvemos, em assembleia, iniciar a paralisação que será por tempo interminado. Só voltamos ao trabalho depois que todos os atrasados forem quitados”, afirmou a professora Eliana Amador.

Segundo ela, os professores são contratos para um turno de seis horas, mas trabalham oito recebendo duas horas como extras. Com o corte deste pagamento o salário que era de R$ 600 caiu para R$ 506. “Temos as nossas contas para pagar e precisamos do nosso salário”, disse a professora.

A presidente do Centro de Educação, Lucilene Trindade Pereira Milbratz, afirmou que apenas o salário referente ao mês de janeiro está atraso. Ele explicou que não houve o repasse de aproximadamente R$ 7 mil da Secretaria Municipal de Educação, pois as próprias professoras denunciaram à secretaria que estava faltando materiais de higiene na instituição. “Elas não me avisaram desse problema, então, a secretaria reteve o repasse até que provássemos que o problema tinha sido resolvido. Já encaminhamos todos os documentos necessários e acreditamos que nesta semana o recurso seja liberado”, explicou.

O diretor do Sindicato dos Professores (Sinpro), Diego Mendes de Carvalho, afirmou que em contato com a secretaria de Educação a entidade foi informada que todos os repasses referentes ao ano de 2009 já foram feitos e que o recurso de 2010 só será liberado depois que o pagamento do salário de dezembro seja pago. “A secretaria diz que se repassar o dinheiro, o centro vai usar o dinheiro para quitar os débitos do ano anterior, o que não pode ocorrer. Os professores vão ficar em greve até que todos os débitos salariais sejam quitados”, disse.

Mesmo considerando a greve como um direito das professoras, a presidente do centro não concordava com a atitude das professoras de barrarem a entrada das crianças. Segundo ela, voluntários foram chamados para cuidar dos alunos. Contudo, poucos pais aceitaram em deixar os filhos no local. “Trabalhei a noite inteira e não tenho com quem deixar a minha filha, mas vou ter que levá-la novamente para casa, pois se não há professores quem é que vai cuidar das crianças. As professoras estão no direito delas e concordo com essa manifestação”, disse Tereza Barbosa, 39 anos, mãe de uma aluna.

A professora Eliana Amador afirmou que os manifestantes não impediram a entrada das crianças. Segundo ela, o centro não poderia receber os alunos, pois os voluntários chamados pela direção não têm especialização no atendimento pedagógico. “Deixamos as crianças entrarem, mas quem vai cuidar delas? Os pais estão cientes das nossas dificuldades e apoiam o movimento”, disse.

Contudo, para a mãe de um aluno de três anos, Adriana Evangelista, 23 anos, a paralisação não “tinha cabimento”. “Preciso trabalhar e não tenho com quem deixar meu filho. Vou ter que pedir para minha mãe cuidar dele, mas se ela não puder o que eu vou fazer?”, questionou.

Fonte: Jornal de Londrina