Sindicalistas entregam pauta de reivindicação à Fiesp pela redução da jornada para 40 horas


Sindicalistas e trabalhadores entregaram na manhã de ontem (12) a representantes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) uma pauta de reivindicações pedindo a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, sem redução dos salários.

A pauta pelo gerente do Departamento Sindical da Fiesp, Márcio Antonio D’Angiolella, que se comprometeu a encaminhá-la para uma negociação com as indústrias paulistas. A Fiesp, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que não faria nenhum comentário sobre a pauta até que ela seja discutida dentro da federação.

O documento foi assinado por 51 sindicatos de São Paulo. Os sindicalistas afirmam que a jornada de 44 horas praticada no Brasil é uma das maiores do mundo e a redução para 40 horas permitiria que trabalhador participe de cursos de aprimoramento profissional e passe mais tempo com sua família. Para os sindicalistas, a redução implicaria num aumento, no custo total de produção, “de apenas 1,99%” e poderia gerar 1,7 milhões de empregos imediatamente.

“Temos a certeza quase absoluta de que a Fiesp não vai aceitar”, admitiu o presidente da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo, Claudio Magrão de Camargo Cre, o Magrão. Apesar do pessimismo com relação à receptividade da pauta, Magrão valorizou a iniciativa.

Segundo ele, essa é uma primeira tentativa de acordo pela redução da jornada e que haverá também uma pressão sobre o Congresso Nacional para que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 231 seja aprovada. “Com a pressão política das eleições deste ano, tenho certeza de que eles [parlamentares] vão votar favoravelmente à redução da jornada de trabalho”, afirmou.

De acordo com o deputado federal e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, caso os acordos não avancem, a alternativa será deflagrar uma greve nos setores de metalurgia, química, alimentação e comércio, por exemplo. “Ou tem negociação ou terá greve, fábrica por fábrica”, disse. “Não é uma greve geral porque já há categorias que trabalham menos”, explicou.

Paulinho defendeu a redução não só pelo fato de gerar, pelos seus cálculos, 2,5 milhões de empregos, mas também porque o trabalhador terá mais qualidade de vida. “O trabalhador poderá ficar mais com sua família, se preparar melhor, estudar, se qualificar”, disse.

Para Jayme Borges Gamboa, coordenador da bancada patronal do Grupo 10 – que reúne sindicatos dos setores de lâmpadas, material bélico, estamparia, equipamentos odontológicos, dentre outros – a redução da jornada vai trazer muitos problemas para a indústria e para a economia porque menos horas de trabalho, em sua opinião, vão significar “menos produção”.

Segundo ele, não é verdade que a redução da jornada vá gerar novos empregos. “Acredito que a redução de jornada não cria nenhum emprego se não tiver posto de trabalho. E posto de trabalho só é criado quando se tem uma economia devidamente sustentável”, afirmou.

“O pensamento empresarial é de que não é o momento adequado para a gente fazer isso. Primeiro, porque estamos saindo de uma crise. Temos - 0,2% de PIB [resultado relativo ao Produto Interno Bruto de 2009, divulgado ontem (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística]. E, aí, já vem uma turma pedir aumento de salário e redução de produtividade? Fica meio difícil.”

Fonte: Agência Brasil