Família de trabalhador falecido pode propor indenização por dano moral, diz TST


O TST (Tribunal Superior do Trabalho) decidiu que os familiares de um trabalhador falecido por causa de doença profissional poderão pedir indenização por danos morais na Justiça do Trabalho. Como a transferência dos direitos sucessórios está prevista no Código Civil (artigo 1.784), em caso de falecimento do titular da ação de indenização (que tem natureza patrimonial), os sucessores têm legitimidade para propor a ação.

Foi com este entendimento que a 6ª Turma do TST negou o recurso da Saint-Gobain do Brasil Produtos Industriais e para Construção que queria a declaração de ilegitimidade do espólio para requerer indenização pelo sofrimento de ex-empregado da empresa. A empresa terá de pagar indenização de R$ 200 mil.

O ex-funcionário acabou falecendo após doença (mesotelioma maligno) adquirida devido ao contato com substância cancerígena (amianto) no local do trabalho.

O relator e presidente do colegiado, ministro Aloysio Corrêa da Veiga, explicou que parte da doutrina defende que o dano moral possui caráter personalíssimo e que não se transmite com a herança, uma vez que a personalidade desaparece com a morte do titular.

Entretanto, segundo a teoria da transmissibilidade, que o ministro adotou, os dependentes da vítima podem propor ação de reparação.

Na sua opinião, se a Justiça do Trabalho julga ação de indenização por dano moral e material decorrente de infortúnio do trabalho (doença ou acidente) movida pelo empregado, quando há o falecimento do trabalhador, o direito de ação pode ser exercido pelos seus sucessores, como ocorreu na hipótese em discussão.

O relator ainda citou ensinamentos de Padre Antônio Vieira para destacar que “a dor à honra, a dor moral, mata mais que a morte”, pois atinge aquilo que o homem construiu a vida inteira.

Assim, concluiu o ministro Aloysio, “a ofensa ao morto ainda pode subsistir mesmo após a morte, a honra transcende a morte”, o que autoriza os familiares na busca da reparação pelo sofrimento da perda do ente querido em decorrência de doença profissional que tem origem na relação de emprego, porque a indenização pretendida decorre do contrato de trabalho.

A empresa também questionou o valor da indenização arbitrado pela sentença em R$ 200 mil, mantido pelo TRT-4 (Tribunal do Regional da 4ª Região de Minas Gerais). Tentou a redução para R$ 50 mil, mas não apontou existência de violação legal ou constitucional, nem divergência jurisprudencial para fundamentar suas razões.

Nesse ponto, o recurso nem sequer foi conhecido, o que, na prática, significa a manutenção da quantia originalmente fixada.

Fonter: Última Instancia