O buraco do Pacaembu


O megaevento montado pelas centrais sindicais dia 1º de junho, no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, reviveu a “Utopia de Praia Grande”, quando- há 31 anos – o movimento sindical brasileiro fracassou na idéia de construir uma central única trabalhadores, restando apenas uma sigla com tal pretensão.
A unidade na ação praticada pelas centrais oportunizou a conquista de benefícios concretos para a classe trabalhadora, tais como a valorização do salário mínimo, a correção da tabela do imposto de renda e a redução do IPI sobre produtos da chamada linha branca – uma das medidas apresentadas pelos sindicalistas e incorporadas pelo governo federal.
Também a legalização das centrais veio na mesma esteira, o que ratificou o papel político da representação sindical.
A Conferência Nacional da Classe Trabalhadora,no entanto, não conseguiu padronizar a posição de todas as centrais com respeito à sucessão presidencial. Se é verdade que nos governo de Lula foram visíveis os avanços da luta classista – mais que noutros administrações, inclusive – não é conveniente pensar que todos devam compartilhar de igual preferência quando se trata dos rumos para o país.
A grande lacuna da Conclat foi essa. Os espaços que faltaram para preencher a ocupação total do estádio foi justamente que cabia para a União Geral dos Trabalhadores (UGT), central que aglutina13, 29% das entidades sindicais do Brasil, com 756 sindicatos, conforme dados do Ministério do Trabalho, próximo à Nova Central (NCST), com 13,59% e 773sindicatos. CUT, com 32,76%, e Força Sindical, com 23,78%, são as maiores centrais brasileiras. Cabe destacar que a presidência da UGT é exercida pelo também presidente da maior entidade de base do comércio no país – o Sindicato dos Comerciários de São Paulo - com a representação de 450 mil trabalhadores.
A vice-presidência nacional da central é ocupada pelo sindicalista e deputado Roberto Santiago, do Partido Verde, que apóia a candidatura de Marina Silva para presidir a república. O desconforto com o alinhamento moldado pelas demais centrais afastou a UGT do Pacaembu, expondo a amplitude da lacuna. Dessa vez, o que nos une ficou em segundo plano, vindo à tona o que nos separa. Foi esse o “Buraco do Pacaembu”.

Miguel Salaberry Filho
Presidente do SECEFERGS
Secretário Rel.Inst.UGT/Nacional