O ex-secretário do governo Nedson Micheleti (PT) teria cobrado, segundo a denúncia proposta pelo Ministério Público, propina em pelo menos 33 ocasiões. Os valores variaram, de acordo com o processo, de R$ 1 mil a R$ 11 mil. O caso foi denunciado em abril passado por um ex-funcionário da empresa Setrata - terceirizada no governo Nedson Micheleti para realizar serviços de limpeza em unidades de saúde de Londrina.

O pagamento das "comissões" teria sido confirmado em juízo pelas sócias-proprietárias da empresa, Marli Aparecida Batilani e Mônica Dias Amstalden. No total, informa a reportagem da Folha, Jacks Dias teria recebido ilegalmente R$ 225,4 mil - por conta deste contrato de terceirização - em um período de três anos e meio (dezembro de 2005 até junho de 2009).

Segundo o funcionário que levou a denúncia ao Ministério Público, o dinheiro era entregue sempre em espécie ao ex-secretário, dentro de envelopes, em estabelecimentos comerciais - como confeitarias e até mesmo em uma clínica odontológica na zona oeste. O gerente da Setrata, Antonio Batilani, que é pai de uma das proprietárias, confirmou ao Gaeco que era ele o responsável pela entrega dos "envelopes".

Envelopes

As empresárias teriam dito que os pagamentos foram feitos mediante coação, sob ameaça de perda do contrato e a título de "doação ao PT. Disseram, também, que o dinheiro foi entregue seis vezes, embora as investigações do MP apontem para 33 casos. Jacks Dias candidatou-se e se elegeu vereador no pleito de 2008.

O promotor Jorge Barreto disse, em entrevista à Folha, que o crime de concussão fica caracterizado independentemente do uso do dinheiro. Mesmo que tenha sido destinado à campanha do partido do Secretário é um caso de extorsão, explica, porque o agente público não pode fazer exigências de valores extra-contratuais.

Chamado a depor em abril passado, o ex-secretário e atual vereador Jacks Dias não fez nenhuma declaração sobre a denúncia, alegando desconhecer o processo. Nos próximos dias, o Ministério Público deve propor ação de improbidade administrativa ele.

O vereador petista também é investigado pelo Ministério Público de Londrina pela denúncia de recebimento de propina da empresa de segurança Centronic.

Fonte: Londrix