Justiça Federal recebe denúncia contra 18 envolvidos em desvio milionário


Denúncia foi proposta pelo Ministério Público Federal e envolvidos são acusados de participarem de um esquema que desviou R$ 300 milhões em recursos públicos. Quatro diretores do Ciap, incluindo o coordenador Dinocarme Aparecido de Lima, seguem presos

A Justiça Federal (JF) do Paraná recebeu, no último dia 28 de julho, denúncia contra 18 pessoas acusadas de participação no desvio de R$ 300 milhões em recursos públicos, em esquema supostamente comandado pelo Centro Integrado de Apoio Profissional (Ciap). A acusação foi proposta pelo Ministério Público Federal (MPF). A informação foi divulgada na manhã desta segunda-feira (2).

A denúncia é resultado da Operação Parceria, realizada no início de maio que resultou na prisão de 12 pessoas, entre elas, o coordenador e proprietário do Ciap, Dinocarme Aparecido Lima. De acordo com o MPF, os envolvidos foram denunciados por formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro.

Na denúncia apresentada, conforme a assessoria de imprensa da JF, foram constatadas irregularidades em contratos de parceria, com verbas federais, nas cidades de Londrina, Rolândia e Campo Largo, além de termos assumidos com a Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social do Estado do Paraná.

Pela acusação, parte dos recursos pagos pelas administrações municipais era desviado para contas de diretores, associados e empresas ligadas ao Ciap, caracterizando um esquema de lavagem de dinheiro. Conforme a Justiça Federal, a partir da ação penal serão instaurados novos procedimentos investigativos para apurar possíveis crimes não denunciados.

Os dirigentes do Ciap, apontados como cabeças do esquema de desvio, Dinocarme Aparecido de Lima, Elzira Vergínia Mariani Guides, José Roberto de Lima e José Ancioto Neto seguem presos preventivamente. Um dos acusados, Valmir de Arruda Leite, está foragido. Os outros responderão em liberdade.

Em Londrina, os desvios somam R$ 18,2 milhões

Nas parcerias do Ciap com a Prefeitura de Londrina, os desvios chegam a R$ 14,7 milhões, segundo as investigações, em contratos na área da saúde entre 2004 e 2009. São eles: Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Policlínicas, Programa Saúde da Família (PSF), Programa de Endemias e Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf).

Há ainda outros dois convênios - um firmado com o Ministério do Trabalho e Emprego referente ao Consórcio Social da Juventude de Londrina e outro entre o Ministério do Trabalho e a Secretaria de Estado do Trabalho e Promoção Social do Estado do Paraná para capacitação profissional em diversas cidades do Paraná, sendo o Ciap o executor do projeto. Nos dois convênios foram desviados R$ 1,9 milhão e R$ 1,6 milhão respectivamente.

Em Rolândia, foram desviados, de acordo com as investigações, R$ 1,9 milhão dos programas Saúde da Família e Controle Ambiental de Endemias, entre 2003 e 2007. Em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), o convênio do Ciap com a prefeitura para os programas Saúde da Família e Policlínicas, entre 2003 e 2005, resultou no desvio de R$ 107 mil.

No final do mês de junho, a Prefeitura de Londrina anunciou o rompimento dos contratos com o Ciap. No entanto, os 1,1 mil empregados, que atuam nos quatro convênios assinados pela Prefeitura com o Ciap, continuam ligados a instituição enquanto a administração estuda a melhor forma para manter os serviços com o rompimento dos termos.

Fonte: Jornal de Londrina