Belinati promete dar aos pobres dinheiro de possível indenização


Na semana passada, o TC reformulou decisão que tornou Belinati inelegível. Com isso, Barbosa Neto poderá ter de dar o lugar ao deputado

Uma decisão do Tribunal de Contas do Paraná (TC) pode dar uma reviravolta no cenário político londrinense. Na semana passada, o órgão reformulou uma reprovação de contas, que tornou o deputado Antônio Belinati (PP) inelegível e sem poder assumir a prefeitura. Com isso, Barbosa Neto (PDT), eleito num “terceiro turno” em 2009, pode dar lugar a Belinati, que promete dar aos pobres dinheiro de possível indenização por tempo perdido. “Estou com uma vontade grande de assumir o cargo de prefeito”, contou, ao JL.

Belinati venceu as eleições de 2008, mas não chegou a assumir, porque o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) impugnou a candidatura dele dois dias depois. O motivo: a reprovação de contas de um convênio entre a prefeitura e o Departamento de Estradas e Rodagens (DER), referente a 1999, penúltimo ano do terceiro mandato dele como prefeito de Londrina. A mesma reprovação foi revista pelo TC na semana passada.

Os advogados de Belinati aguardam um recurso no Supremo Tribunal Federal (STF), que deve julgar a impugnação do TSE. “Vamos protocolar no Supremo um extrato das notas taquigráficas, um DVD com a sessão do TC e uma certidão fornecida pelo Tribunal”, explicou. O deputado estima que, em 120 dias, os novos anexos ao processo sejam analisados e ele possa assumir o cargo para o qual foi eleito. Na sexta-feira, Belinati concedeu, por telefone, uma entrevista exclusiva ao JL. Confira os principais trechos.

JL. O senhor volta para a prefeitura?
Belinati: O consenso de alguns grandes juristas é que o grande obstáculo que levou à impugnação da eleição foi superado. Foi um erro do Tribunal de Contas. Nós requeremos a rescisória, uma espécie de revisão da decisão e o TC reconheceu o erro, sem que a gente apresentasse qualquer outro documento. A rejeição do convênio não se deu por desvio de dinheiro, mas por questões burocráticas. Vamos encaminhar e protocolar no Supremo um extrato das notas taquigráficas, um DVD com a sessão do TC e uma certidão fornecida pelo Tribunal.

Se, de fato, o senhor voltar à prefeitura, serão apenas dois anos de mandato...
Tenho boa vontade de trabalhar, ainda que fosse um mês. Sempre há tempo de fazer coisas boas pela cidade. Confesso que estou com uma vontade grande de assumir o cargo de prefeito e fazer o melhor para a cidade. Vamos administrar com entusiasmo, otimismo e alegria.

Vai pleitear na Justiça o tempo perdido?
Vamos analisar. Cabe uma indenização pelo tempo perdido. Tem os danos morais. Mas, se lá na frente entender que tenho direito, vamos pegar o dinheiro [da indenização] e mandar distribuir para as creches, asilos e os pobres, que são as camadas que mais me ajudam e são sofredoras. Não quero tirar proveito pessoal da situação.

Assumindo a prefeitura, haverá novos projetos ou continuação dos antigos?
Desde o meu primeiro mandato, sempre que tinha obra em andamento, eu concluí todas. Eu até convidava o prefeito anterior para participar da inauguração. Não é com dinheiro do bolso do prefeito [que se fazem as obras], mas do imposto que o povo paga.

Então já fez as pazes com o Barbosa Neto?
Eu nunca estive brigado com ele. Eu não brigo com ninguém. Busco sempre, através de Deus, uma orientação. Estou terminando a minha carreira política e não tenho inimigo político. Tenho adversários, que trato com respeito, mas jamais problema de inimizade.
O senhor está encerrando a sua carreira política?
Até pela idade. Eu gostaria de estar começando, mas há 42 anos que o povo me elege. Até porque vou estar vencido fisicamente. É contra a minha vontade, que fique bem claro. É a lei de Deus.

Fonte: Jornal de Londrina