Funcionários do PSF e da Policlínica reclamam de atraso de salários


Profissionais são terceirizados pelo Ciap, entidade suspeita de praticar um desvio milionário de recursos públicos. Eles questionam falta de informações de quanto os salários serão normalizados

Uma equipe do Programa Saúde da Família (PSF) - formada por dez profissionais entre médicos, enfermeiros e agentes - que atende na Unidade Básica de Saúde do Novo Amparo, zona norte de Londrina, cruzou os braços na manhã desta segunda-feira (9). O motivo: atraso de salários. Outras equipes também devem suspender os atendimentos. Os profissionais são terceirizados pelo Centro Integrado de Apoio Profissional (CIAP), entidade suspeita de um desvio milionário de recursos públicos.

Segundo a agente de saúde Marisa Aparecida de Souza, o salário deveria ter sido pago na sexta-feira (6), mas não houve qualquer comunicado avisando o atraso. Ela afirmou que ligou várias vezes para a sede do Ciap, mas não houve um posicionamento de quando os vencimentos serão normalizados. “Estamos sendo prejudicados e não somos obrigados a trabalhar de graça. Hoje [segunda-feira] ninguém vai trabalhar. Outras equipes já entraram em contato comigo e também vão suspender os atendimentos. Vamos ficar dentro dos postos de saúde”, disse.

A agente de saúde disse que os problemas de atrasos de salários se agravaram depois da Operação Parceria, realizada em maio, e que resultou na prisão de vários integrantes da direção do Ciap, incluindo o coordenador Dinocarme Aparecido Lima. Ele e mais 17 pessoas foram denunciadaos por formação de quadrilha, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro. O Ciap tem quatro convênios com a Prefeitura de Londrina e emprega 1,1 mil funcionários.

O atraso de salários também está sendo sentido pelos funcionários da Policlínica, onde aproximadamente 90% dos profissionais estão ligados ao Ciap. Uma funcionária, que pediu para não ser identificada, disse também que não há um posicionamento da Secretaria de Saúde. Ela reclamou que, pela falta de um sindicato, não tem a quem recorrer. “Estamos isolados, passamos o Dia dos Pais sem dinheiro e não sabemos quando vamos receber”, declarou.

Outra funcionária, que pediu anonimato, revelou que também está faltando profissionais, o que tem prejudicado o atendimento. Diariamente 200 pacientes são atendidos na Policlínica. “Antes da confusão com o Ciap tínhamos seis funcionários que trabalhavam no agendamento das consultas. Agora só temos três e não conseguimos dar conta da demanda. Com isso, pacientes que deveriam ser consultados neste mês terão atendimento médico somente no mês que vem, pois somos nós quem marcamos as consultas e os avisamos”, disse.

A reportagem ligou para o Ciap, mas ninguém atendeu as ligações. O JL procurou o secretário de Saúde, Edson de Souza, mas foi informado que ele está de férias e ainda não foi nomeado um substituto. A reportagem também tentou contato com o secretário de Gestão, Marco Cito, mas ele estava em uma reunião no gabinete do prefeito. O Núcleo de Comunicação da Prefeitura se comprometeu a obter uma posição do Município ainda nesta manhã.

Um grupo de agentes de saúde e de profissionais da Policlínica devem se reunir, no final desta amanhã, com o promotor do Ministério do Trabalho para discutirem o assunto.

Fonte: Jornal de Londrina