Agentes de combate à dengue aprovam greve


Paralisação deve começar na segunda-feira; profissionais reclamam

Cerca de 200 agentes de endemias, contratados pelo Centro Integrado de Apoio Profissional (Ciap) e que trabalham no combate à dengue em Londrina, aprovaram na tarde de ontem a greve da categoria, a partir da próxima segunda-feira. Como o serviço é essencial, 30% vão continuar trabalhando. Os profissionais reclamam da falta de pagamento do vale transporte e do ticket alimentação, que é de R$ 7,50 por dia.

“A gente se sente desamparado. O salário atrasa, não vem ticket e estamos sem previsão de nada”, declarou um agente de endemias, que preferiu não se identificar, com medo de represálias. Os profissionais receberam, com atraso, o salário de julho, mas ainda não tiveram acesso ao ticket alimentação e vale transporte. “E ninguém tem previsão de quando virá o salário de agosto”, reclamou.

O dinheiro do Ciap, repassado pela Prefeitura, está depositado em juízo devido à falta de documentos pedidos pelo Município. Ontem, a entidade protocolou, no final da manhã, na 5ª Vara Cível, um calhamaço com aproximadamente 400 páginas de prestação de contas. “Amanhã [hoje] devo ter isso em mãos. Vamos fazer o confronto para ver se são os documentos solicitados”, afirmou o procurador da Prefeitura, Demétrius Coelho.

O procurador explicou que os documentos protocolados são referentes ao repasse do mês de julho. Os valores referentes a agosto, que ainda não foram depositados, aguardam apresentação de nota fiscal dos serviços prestados, conforme informou o procurador.

Dengue

Londrina tem 1.817 casos confirmados de dengue e o último Levantamento Rápido de Infestação do Aedes aegypti (Lira) mostrou que a cada 250 casas e comércios visitados pelos agentes de controle de endemias pelo menos uma tem a presença de ovos do mosquito (0,4% de infestação). Na região, além de Londrina, Primeiro de Maio, Cambé e Sertanópolis são os campeões de dengue em números absolutos, respectivamente com 284, 369 e 121 casos. Nos 21 municípios da 17ª Regional da Saúde a doença já fez 3.035 vítimas.

O tempo seco não é sinônimo de fim da dengue na região porque, as donas de casas, ao regar as plantas nos ambientes internos, continuam com vasos onde a água acumula, o que é propício para os ovos eclodirem em larvas do mosquito. “Sem água no ambiente externo, a dengue está migrando para dentro das casas das pessoas”, assegura João Martins de Souza, diretor da Vigilância Sanitária. De acordo com o Lira, 50% dos casos de ovos depositados estão em vasos de plantas, dentro das residências.

Marcelo Viana, coordenador de endemias da 17ª Regional afirma que a renovação de criadouros em ambientes internos domiciliares é grande e que “a dinâmica populacional do Aedes ficou mais ágil”. Para ele, um sinal de alarme para o verão, quando as condições de risco serão aumentadas com as chuvas. Há risco de epidemia. A dengue hemorrágica deve, igualmente, atacar com maior força, aumentando a letalidade da doença. “É o que mais nos assusta”, completa.

Fonte: Jornal de Londrina