Agentes de endemias iniciam greve por tempo indeterminado


Os 211 profissionais reivindicam a falta do pagamento dos benefícios do vale-transporte e ticket alimentação referentes a julho. Salário de agosto deve ser pago nesta quarta

Os agentes de endemias de Londrina iniciaram, na manhã desta quarta-feira (8), uma greve por tempo indeterminado. Os profissionais reivindicam o pagamento dos benefícios do vale-transporte e do ticket de alimentação referentes ao mês de julho. Os trabalhadores são terceirizados pelo Centro Integrado de Apoio Profissional (Ciap), entidade suspeita de desvio milionário de recursos públicos.

De acordo com a delegada regional do Sindicato dos Agentes de Saúde do Paraná, Márcia Kitano, 30%, dos 211 agentes de endemias, continuam trabalhando. “Estamos respeitando a determinação da lei. Os agentes trabalharão nos próximos dias em esquema de rodízio. Enquanto não houver o pagamento a greve continua”, afirmou.

Um grupo de aproximadamente 40 agentes se concentrou no calçadão, próximo a Catedral de Londrina, em protesto. Segundo a representante sindical, os profissionais também estão apreensivos quanto ao pagamento dos salários referentes ao mês de agosto. Na última sexta-feira (3), a prefeitura depositou em uma conta judicial o valor do repasse destinado ao Ciap. A liberação do dinheiro depende de uma determinação da Justiça. “Todos estão apreensivos. Não sabemos o que vai acontecer”, ressaltou.

Equipes concentradas

O coordenador de endemias da Secretaria de Saúde, Elson Belisário, afirmou que o trabalho terá que ser adaptado ao “número de profissionais”. Ele explicou que os agentes serão divididos em grupos para atender todas as regiões. Contudo, as visitas serão concentradas nos bairros com maior número de infestação do mosquito da dengue. “Alguns bairros vão ficar descobertos, mas precisamos fazer isso. Vamos concentrar os trabalhos nos locais com maior grau de risco”, disse.

Segundo Belisário, a greve prejudicará o trabalho preventivo, que é realizado no período do inverno (quando o número de mosquitos é menor). “O momento está tranquilo para o controle, mas temos que evitar um transtorno no verão”, ressaltou.

Atrasos e confusões

No início de agosto, o atraso dos salários gerou protesto e paralisações de serviços como o PSF e de endemias. No dia 9 de agosto, a prefeitura depositou R$ 2 milhões em uma conta judicial, alegando que a Ciap não apresentou os documentos necessários para a prestação de contas. No dia 12, a prefeitura conseguiu que a Justiça liberasse os valores referentes aos salários.

Contudo, como a entidade apresentou somente os holerites, recursos destinados a manutenção das ambulâncias do Samu, por exemplo, continuaram retidos. O serviço de emergência atuou vários dias em situação precária. No início do mês de setembro, dos 12 carros do Samu, dez estavam parados por falta de manutenção. Na última quarta-feira (1º), a Justiça liberou R$ 13 mil para o conserto de três ambulâncias e o estado emprestou mais duas para o serviço não parar.

Municipalização

A prefeitura irá substituir o Ciap nos quatro convênios firmados. Para o Samu e o Programa Saúde da Família, o município abrirá processos licitatórios. Já para endemias e a Policlínica a contratação dos trabalhadores ocorrerá por meio de teste seletivo. Esta foi a forma encontrada para a ruptura dos quatro contratos que, atualmente, são gerenciados pelo Ciap, e que somam R$ 47 milhões.

Fonte: Jornal de Londrina