Funcionários do Samu aprovam greve; agentes do PSF fazem protesto


Atraso no pagamento dos salários e benefícios referentes a outubro levou os profissionais ligados ao Ciap a interromperem parte dos serviços nesta manhã

Um grupo de 50 funcionários do Programa Saúde da Família (PSF) e Endemias iniciou, por volta das 10h40 desta terça-feira (9), um protesto em frente ao prédio da Prefeitura de Londrina. O motivo é o atraso no pagamento dos salários e dos benefícios. Os trabalhadores são ligados ao Centro Integrado de Apoio Profissional (Ciap), entidade suspeita de desviar R$ 300 milhões em recursos públicos.

Segundo a delegada regional do Sindicato dos Agentes de Saúde do Paraná, Márcia Kitano, os trabalhadores não “conseguem mais trabalhar sem receber”. O maior problema para ela é a falta de informações. “A sede do Ciap está fechada, não conseguimos falar com ninguém. Não se encontra o interventor da entidade. Isso é um absurdo”, desabafou.

Márcia questionou também o fato de os trabalhadores não terem assinado a prorrogação do aviso prévio. No final de outubro, o prefeito Barbosa Neto (PDT) anunciou a ampliação do aviso prévio até o dia 3 de dezembro. “Os profissionais estão trabalhando sem nenhuma garantia”, destacou.

Indicativo de greve

O atraso no pagamento dos salários referentes a outubro levou os funcionários do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) a aprovarem um indicativo de greve nesta manhã. De acordo com o presidente interino do SinSaúde, Wellington Xavier de Castro, os trabalhadores param os serviços em 48 horas. “Já entregamos o comunicado na prefeitura e no Ministério do Trabalho. O problema ocorre há vários meses e ninguém resolve nada. A administração municipal demorou demais para resolver a situação”, afirmou.

Se o pagamento dos salários não ocorrer nos próximos dois dias, apenas 30% dos funcionários do Samu continuarão trabalhando.

Pagamentos estão paralisados

O subprocurador do Município de Londrina, Cláudio Moreno, informou que o problema não está na Prefeitura. “Já informamos a vereadora Sandra Graça e o Ministério Público do Trabalho”, disse. Este mês ainda não foi feito o repasse porque a nota de serviço não foi entregue pelo Ciap, mas mesmo que isso tivesse acontecido, a entidade não teria como repassar os valores aos funcionários, já que o interventor federal foi impedido pela Justiça de realizar os pagamentos.

“A juíza que estava cuidando do caso deixou o processo, pois o Ciap requereu uma exceção de suspeição”, disse. Isso significa que a juíza teria sido declarada como suspeita no processo – ainda não se sabe o motivo da suspeição - o que será avaliado e decidido pelo Tribunal Regional Federal (TRF) de Porto Alegre, para onde o processo foi encaminhado.

O interventor federal do Ciap, Zilmar Rodrigues, afirmou que só pode realizar pagamentos da Folha, quando os valores ultrapassam R$ 30 mil, com autorização da Justiça – a Folha de Pagamento dos funcionários do Ciap em Londrina fica em torno de R$ 970 mil. Ele explicou que, enquanto o desembargador não nomear um novo juiz para cuidar do caso, os pagamentos de todos os funcionários da entidade continuarão suspensos. A suspensão foi feita no dia 5 de novembro.

Rodrigues informou que o Ciap tinha uma reserva de recursos para realizar os pagamentos deste mês e as recisões contratuais sem necessidade de receber o repasse mensal da Prefeitura. “Não emitimos a nota fiscal porque como existia o problema do bloqueio, tínhamos negociado com o Município que iríamos usar os recursos da reserva”, explicou. Ele não soube dar uma previsão dos pagamentos, já que a decisão depende do desembargador.

Fonte: Jornal de Londrina