Atualmente um avanço significativo da ergonomia é percebido nos ambientes de trabalho, destacando-se as melhorias nos equipamentos odontológicos. Essa melhora do conforto do dentista, embora significativa, ainda não proporciona um ambiente totalmente livre de posturas incorretas. Em seu consultório as questões antropométricas, psicossociais e ambientais devem ser consideradas, para que não ocorra o desenvolvimento de patologias ocupacionais nesse profissional.
Nas tarefas laborais executadas pelos dentistas uma das articulações mais sobrecarregadas são as articulações dos ombros, destacando-se a articulação glenoumeral. Conforme o médico do Trabalho, Hudson de Araújo Couto, a articulação do ombro é bastante complexa, especialmente o manguito rotador. Seus movimentos permitem ao indivÃduo significativas mudanças posturais e posições técnicas. No entanto, todos os movimentos extremos do ombro somente podem ser executados poucas vezes e contra pequena resistência. Caso contrário, poderão vir a sofrer de sobrecarga e, consequentemente, originar uma lesão.
Nota-se que uma das estruturas mais sobrecarregadas é o músculo-supraespinhoso, o qual quando contraÃdo proporciona desconforto na articulação umeral, prejudicando a mobilidade dessa região. Nesse sentido, quando o profissional permanecer estaticamente por muito tempo com o braço afastado, desenvolverá uma sobrecarga significativa também nos tendões e ligamentos.
O estudo de problemas ergonômicos nos layouts odontológicos e sua relação com os profissionais da área têm evoluÃdo consideravelmente nos últimos anos, mas, ainda percebemos um número considerável de distúrbios osteomusculares relacionados à s atividades realizadas por esses profissionais. Assim, esses constrangimentos constituem um conjunto de afecções oriundas das atividades laborais cotidianas nas regiões músculo-esqueléticas.
A ergonomia do produto ainda tem muito a crescer na área odontológica, bem como a postura adotada por esse profissional ainda requer muitos avanços. No mundo contemporâneo, o dentista ainda executa procedimentos antiergonômicos em função das suas ferramentas de trabalho. É importante considerar que o profissional de odontologia trabalha aproximadamente 10 horas diárias nas mais diversificadas posições, acarretando sérias consequências para o seu sistema articular. Dessa forma, torna-se necessário analisar cuidadosamente a postura desse profissional, especificamente, os danos encontrados na articulação do ombro, a qual é uma das mais utilizadas na atividade, principalmente na regulação da claridade e pega de materiais.
É importante compreender o trabalho do dentista para que possamos transformá-lo em uma atividade mais segura, saudável e confortável.
Ombros
O dentista utiliza com frequência várias articulações, destacando a articulação do ombro que tem uma exigência significativa durante as atividades cotidianas. Conforme a fisioterapeuta Elisângela Criscuolo e colaboradores, a articulação do ombro é a mais flexÃvel do corpo humano, sendo realizada nos três planos e eixos. Da mesma forma, os autores Carrie Hall e Lori Thein Brody descrevem as formações das articulações que compõem o ombro, as quais são constituÃdas pelas sinoviais, acromioclavicular, esternoclavicular e glenoumeral, permitindo ao ombro condições de executar movimentos significativos.
A ampla variedade de movimentação do ombro favorece a mobilidade. Por outro lado, quando os limites do ser humano não são respeitados e as atividades laborais são realizadas em condições antiergonômicas, existe a possibilidade de comprometer significativamente a saúde do trabalhador, especialmente a do dentista que tem uma utilização considerável dessa articulação. Hall e Brody alertam ainda que trabalhos realizados com braços suspensos poderão comprometer a integridade dessa articulação.
Segundo o pesquisador Itiro Iida, o ombro é formado por um conjunto de articulações que funcionam de forma harmônica com diversos tendões e músculos, em que a contração sincronizada desses músculos proporciona uma alta mobilização do úmero. Assim, muitas lesões podem ocorrer, principalmente, quando o braço for elevado acima dos ombros, especialmente nos movimentos excessivos de abdução acima de 90º graus. Essa situação poderá originar um quadro clÃnico de bursite subacromial, devido à compressão mantida e repetitiva nesse local.
Alguns autores estrangeiros relatam que a região lombar e a articulação do ombro são consideradas as de maiores incidência de queixas dos dentistas, resultando um número expressivo de faltas ao trabalho.
Segundo Couto, movimentos vigorosos e repetidos dos membros superiores, com os braços acima do nÃvel dos ombros, acarretam o pinçamento do tendão do músculo-supraespinhoso entre a cabeça do úmero e o ligamento coraco-acromial, resultando em isquemia, inflamação e dor. Assim, a repetição do movimento leva à calcificação, ocasionando a inflamação, principalmente quando a elevação ocorre acima de 45 graus, conforme a figura Ângulo de conforto da articulação do ombro.
Autores: Pedro Ferreira Reis e Antonio Renato Pereira Moro
Fonte: Revista Proteção