PREFEITURA CORTA HORAS EXTRAS


Corte de horas extras pode prejudicar atendimento na saúde municipal

A determinação do prefeito de Londrina, Barbosa Neto (PDT), de cortar o número de horas extras de todos os servidores públicos, publicada esta semana no Diário Oficial do Município, pode prejudicar o atendimento da população na rede municipal de saúde. O decreto 1177 determina corte linear de 20% nas horas extras dos servidores da administração direta, indireta e fundacional, tendo como parâmetro as horas extras de outubro, que foram em torno de R$1,9 milhão, segundo o secretário municipal da Fazenda, Lindomar dos Santos.

A falta de médicos, apontada pelo JL na edição de anteontem, está sendo suprida por rodízio dos profissionais entre as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e por horas-extras, principalmente entre os plantonistas que atendem PAM, PAI e Pronto Atendimento (PA) do Jardim Leonor e Conjunto Maria Cecília. Com a determinação, os profissionais – que já haviam deixado de fazer horas por conta do corte de 30% no valor delas – alertam que a situação vai piorar. Segundo um médico do PA do Maria Cecília, que pediu para não ser identificado, hoje trabalham lá sete plantonistas, quando seriam necessários 20. “Sem horas extras, como vamos fazer?”, questionou.

A opinião é reforçada pelo presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Londrina (Sindserv), Éder Pimenta. Segundo ele, serviços deixarão de ser oferecidos. “A partir do momento em que se trabalha com pessoal reduzido, automaticamente a administração é obrigada a pagar horas extras. Se você deixa de pagar, deixa de ter o serviço”, afirmou. Segundo ele, na administração municipal há uma demanda reprimida de servidores, tanto que o prefeito encaminhou à Câmara de Vereadores um projeto de lei criando 600 cargos na Educação, onde existe uma grande carga suplementar. “O mesmo acontece na Saúde. Se cortar, vai ser um caos”, disse.

Para Lindomar dos Santos, a medida é necessária porque o Município acumula, de janeiro a outubro, cerca de R$ 18 milhões só de horas extras. “Precisamos economizar entre R$3,5 a R$ 4 milhões que deverão ser reinvestidos em outras áreas, como asfalto e infraestrutura”, disse. O corte das horas extras seriam, segundo ele, apenas uma das ações de economia que a Prefeitura vem desenvolvendo de acordo com programa de modernização da gestão pública do Movimento Brasil Competitivo (MBC). “A redução das horas extras é uma das nossas metas já há algum tempo. Fizemos alterações no horário de atendimento, mas mesmo assim ainda temos muitas no final do mês”, disse. Segundo ele, o objetivo das ações é aumentar a eficiência e reduzir os custos.

Ele reconhece que Saúde e Educação são as secretarias que mais geram horas extras, mas garante que o atendimento à população não será prejudicado. “Vamos aproveitar melhor o horário de atendimento dos nossos profissionais”, afirmou.

O secretário municipal de Saúde, Agajan De Bedrossian, estava em Curitiba e não atendeu o celular.

Fonte: Jornal de Londrina