Institutos que prestam serviço à Prefeitura de Londrina não conseguem contratar médicos


Baixa remuneração é apontada pelos gestores do serviço como o maior problema para contratar e manter profissionais; sindicato dos médicos aponta também a falta de condições de trabalho

Não é só a rede municipal de saúde – Unidades Básicas de Saúde, Pronto Atendimento Municipal (Pam) e Pronto Atendimento Infantil (Pai) – que sofre com a falta de médicos. Programas como o Saúde da Família (PSF), Samu, Central de Regulação, Sistema de Internação Domiciliar (Sid) e Policlínica, terceirizados pela Prefeitura de Londrina para os Institutos Gálatas e Atlântico, as duas Oscips que assumiram no lugar do CIAP, estão enfrentando dificuldades para contratar e manter médicos em seus quadros. Mesmo com a publicação constante de anúncios em grandes jornais de todo o Estado, ofertando vagas para médicos de várias especialidades, os dois institutos reconhecem que está difícil encontrar profissionais interessados. O motivo é o mesmo da rede pública: a baixa renumeração.

Segundo Glaúcia Chiararia, uma das diretoras do Instituto Gálatas, responsável pelo PSF, hoje, um médico contratado recebe cerca de R$ 5 mil brutos para cumprir 40 horas semanais de trabalho, inclusive com insalubridade. “A gente contrata, os municípios ao redor de Londrina oferecem um salário maior, eles saem. É o mesmo problema que a rede pública enfrenta”, diz. De acordo com ela, o problema não é novo, mas vem de anos. “Enquanto a prefeitura de Londrina não revisar estes valores, vamos ter dificuldades de manter médicos”, disse.

Bruno Valverde, presidente do Instituto Atlântico, concorda que o baixo salário está afastando profissionais médicos do atendimento público. “Nós somos responsáveis pelo NASF e o PSF em Cambé. Lá, um médico recebe cerca de R$ 5 mil líquido. Aqui, o líquido fica em torno de R$ 3 mil”, diz. Segundo ele, o Instituto está fazendo tudo para encontrar e contratar médicos. “Publicamos anúncios em jornais do Paraná inteiro. Mas sabe quantos currículos recebi no meu e-mail, depois do último anúncio, no domingo? Nenhum”, conta.

A secretária municipal de Saúde, Ana Olympia Dornellas, admitiu que “existe uma rotatividade muito grande nas Oscips”. O motivo, segundo ela, é que as organizações costumam contratar profissionais recém-formados que saem assim que encontram uma proposta melhor de trabalho.

O vice-presidente do Sindicato dos Médicos do Norte do Paraná, José Luís de Oliveira Camargo, há dois grandes problemas em Londrina que afastam os profissionais do serviço público de saúde. “O maior deles é a falta de condições de trabalho na rede pública. Que médico vai querer trabalhar sem equipamentos básicos?”, questiona. Segundo ele, as condições estão piorando dia a dia. “Não tem nem um ventilador, que dirá um desfribilador nas UBSs”, diz.

O segundo, reconhece, é o baixo salário pago. “A Federação Nacional dos Médicos (Fenam) recomenda um salário base perto dos R$ 9 mil por 20 horas semanais. Londrina paga menos de R$ 3 mil bruto pela mesma carga horária”, aponta.

A questão levantada pelo prefeito Barbosa Neto, na última entrevista coletiva das quintas-feiras, de que faltam faculdades de medicina na cidade para que haja mais oferta de profissionais no mercado é, segundo Camargo, desinformação do prefeito. “O prefeito já foi comunicado pessoalmente por mim sobre o que está havendo. Não há falta de profissionais. O problema da Saúde só vai ser resolver se houver investimentos pesados na infraestrutura e na renumeração”, afirmou.

Fonte: Jornal de Londrina