Manobras dos dois lados adiam votação de CP contra Barbosa


Sem quórum, decisão sobre abertura de uma Comissão Processante ficou para amanhã

Provando do próprio remédio, a bancada de apoio ao prefeito Barbosa Neto (PDT) na Câmara de Vereadores fracassou ontem e não conseguiu engavetar a denúncia de promoção pessoal durante o réveillon, contra o chefe do Executivo, que levaria a uma investigação cujo resultado pode ser a cassação do mandato. Na denúncia, o vereador Joel Garcia (PTN), desafeto-mor da administração, pede que Barbosa responda em uma Comissão Processante (CP).

Ao antever a derrota para uma CP, o próprio denunciante faltou à sessão e apresentou um atestado médico diante de uma infecção na garganta. Quando o bloco do governo derrubou o adiamento da votação, Garcia, sem saída, apareceu.
Em quatro horas de debates, a bancada do governo municipal – logo apelidada de “rolo compressor” pela oposição – tentou a todo custo levar a CP ao voto. O governo tinha certeza de que a ausência de cinco vereadores no plenário garantiria maioria segura para arquivar o caso. O plano, entretanto, naufragou.

A tarde começou com uma leve derrota da oposição, que pretendia adiar a abertura da CP para expor Barbosa ao desgaste ao mesmo tempo em que obrigaria os quatro faltosos a se declarar pró-governo em sessão futura. Do outro lado, na certeza do arquivamento da denúncia, os governistas impediram o adiamento defendido pelos parlamentares que desejam a abertura da CP - mas não contam com os votos suficientes.

“Cada um aqui é livre para se manifestar e ter uma interpretação. Cada um fala o que quer. Voto com a minha consciência partidária”, despistou o vereador Roberto da Farmácia (PTC), após ser perguntado sobre o “rolo compressor” do prefeito para arquivar a investigação. “Não tem combinação de nada”.

Mais enfático ainda foi o governista Ivo de Bassi (PTN), direto: “Não tem que ficar discutindo mais para jogar na mídia. Investigar isso é gastar dinheiro público em cima de algo já concretizado.”
Duas horas mais tarde, momento antes do que seria a votação, a oposição exibiu na Câmara um vídeo gravado durante o “Réveillon da Luz” no Lago Igapó, quando o telão para a multidão mostrou rapidamente a frase “Família Barbosa Neto deseja a todos um Feliz 2011”. No mesmo vídeo, já no palco, um locutor saúda Barbosa com referências claras à campanha política e elogia o prefeito afirmando que na atual administração “Deus está no controle” – mote preferido do chefe do Executivo.

“Se é promoção pessoal, é promoção pessoal e acabou”, definiu a vereadora Lenir de Assis (PT), irritada com a tentativa de engavetar tudo. Logo depois, com a maioria governista garantida para arquivar a CP, Lenir, em uma manobra estratégica, “desapareceu” da sessão com os demais vereadores de oposição. Sem quórum, o caso foi adiado para quinta-feira.

“Em seis anos aqui nunca tive coragem de fazer isso. Não é boi voando, é elefante voando. Uma vergonha”, atacou o vereador Roberto Fu, líder de Barbosa na Câmara. “Pode até ser regimental, mas é imoral”. Na resposta, Garcia também não economizou: “É um festival de corrupção. O réveillon do prefeito, para mim, foi um comício ao ar livre.”

Fonte: Jornal de Londrina