Mais uma crise da saúde entra na agenda do Legislativo


Sistema de Internação Domiciliar (SID) pode parar por falta de candidatos em teste seletivo. Vereadora propõe que Câmara tranque a pauta até que a Prefeitura consiga resolver os problemas

O anúncio da Secretaria Municipal de Saúde de que o Sistema de Internamento Domiciliar (SID) corre o risco de fechar repercutiu na sessão da Câmara na tarde desta terça-feira (23) e trouxe a crise do setor de volta para a agenda do Legislativo. De acordo com a vereadora Lenir de Assis (PT), presidente da Comissão de Seguridade Social, apenas um médico se candidatou a uma das seis vagas abertas no teste seletivo realizado pela Prefeitura (são cinco vagas para clínico geral e uma para infectologista). Sem médicos, o programa, que atende mais de 100 pacientes internados em casa, fica comprometido. E os hospitais não teriam leitos para eles. A vereadora Sandra Graça (PP) reagiu de forma dura: propôs que a Câmara tranque a pauta até que a Prefeitura consiga resolver os problemas do setor.
 

O contrato de trabalho dos atuais profissionais do SID vence em 4 de setembro e não pode ser prorrogado. O secretário interino de Saúde, Márcio Nishida, disse que servidores municipais da saúde farão hora extra até que um novo teste seletivo seja aberto para contratar profissionais. “Temos vagas e orçamento, mas não candidatos”, lamentou. Ele explicou que não é possível contratar de maneira direta, nem por terceirização ou termo de parceria. Um novo teste poderá ser realizado quanto sair a homologação do resultado do último, realizado no dia 14 deste mês. Os salários oferecidos aos médicos são de R$ 2.961,04 para carga horária de 20 horas semanais.

A crise da saúde já dura pelo menos oito meses, se o marco inaugural dela for considerado o início da epidemia de dengue, em janeiro, passando pela Operação Antissepsia e as denúncias de corrupção nos contratos com as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips). Nesse período, o sistema de saúde não conseguiu atender a demanda e cenas de longas filas de espera foram uma constante. “Vamos retomar os movimentos pró-saúde, voltar a pressionar pelas soluções”, declarou Lenir de Assis. “O Legislativo não tem como assinar os projetos, mas pode pressionar. Fizemos discussões, mas os problemas continuam”, criticou. Na avaliação da petista, existem recursos financeiros à disposição, mas o problema da Prefeitura de Londrina é de gestão.

Sandra Graça também bateu na tecla de que existem recursos e falta gestão na saúde de Londrina. Ela acredita que um trancamento de pauta forçaria o Executivo a buscar soluções para a crise do setor. “Temos que parar tudo e chamar todos para o debate: a Prefeitura, o governo do Estado, o governo federal, o Ministério Público e quem possa decidir”, argumentou. Ela disse esperar que a Mesa da Câmara encaminhe o trancamento de pauta, mas se isso não acontecer, vai tentar outra via. Para retirar projetos de pauta sem a concordância do autor são necessários pelo menos 10 votos.

Fonte: Jornal de Londrina