MPF investiga suposto esquema de propina para verbas do município de Londrina


O Ministério Público Federal (MPF) está investigando um possível esquema de pagamento de propina a dois ex-deputados federais do Rio de Janeiro que teriam destinado R$ 18,5 milhões em emendas para o município de Londrina.

O fato se tornou conhecido após o depoimento de um empresário londrinense, Wilson Vieira, ao Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em maio, em que ele teria afirmado que os valores chegaram ao município através de uma participação do ex-chefe de gabinete do prefeito de Londrina, Barbosa Neto (PDT), que teria intermediado o esquema de corrupção.

Por se tratar de emendas de recursos federais, o Gaeco encaminhou o procedimento para o Ministério Público Federal dar continuidade às invetigações.

Segundo a assessoria de imprensa do MPF, quem analisa o caso é o procurador da república Luiz Antônio Cibin, que está dando continuidade às instruções do processo. No entanto, o procurador não iria dar entrevista sobre o assunto enquanto não finalizasse o procedimento, ainda sem previsão de entrega. Mesmo com o envio de um e-mail solicitando uma entrevista, o procurador informou que não vai se pronunciar enquanto não tiver um juizo formal do material.

O Blog Paçoca com Cebola, do portal odiário.com, foi o primeiro a noticiar o fato no dia 27 de novembro de 2010. O blogueiro e jornalista Cláudio Osti publicou as emendas de um dos ex-deputados, Leo Vilas (PRB), hoje sem mandato, que teria encaminhado um total de R$ 12,5 milhões a Londrina. O blog também confirmou a investigação do MPF sobre as emendas. Outro parlamentar que também teria sido beneficiado seria Vinícius de Carvalho, (ex-PTdoB e atual PRB).

Na postagem do blog do ano passado, estão especificadas três emendas de Vilas. Duas destinadas para a qualificação da Atenção da Saúde, no valor total de R$ 5,5 milhões e outra para recapeamento asfáltico em vias urbanas, de R$ 7 milhões. O que chama atenção é que os dois setores enfrentam sérios problemas na administração de Barbosa Neto. O município vive um caos na saúde, com o esquema de corrupção, falta de médicos em postos de saúde, epidemia de dengue, hospitais superlotados, entre outros. Já no campo asfáltico, os buracos dominam ruas e avenidas e são agravados com as recentes fortes chuvas que atingiram a região nos últimos dias.

Wilson Vieira depôs ao Gaeco na época da deflagração da Operação Antissepsia, que apurou outro esquema de corrupção na cidade, que teria sido orquestrado pelas oscips Atlântico e Gálatas. As duas entidades assumiram o serviço quando o município teve que finalizar o contrato com a oscip Centro Integrado de Apoio Profissional (Ciap), investigada pelo MPF no desvio de verbas da saúde.

Ele teria confirmado que o ex-chefe de gabinete do prefeito, Fábio Góes, intermediou a entrega de propina a um homem, que seria assessor de um deputado. Os valores pagos a esta pessoa teriam sido de R$ 925 mil, divididos em duas parcelas, segundo o depoimento do empresário.

O coordenador do Gaeco, promotor de Justiça Cláudio Esteves, foi procurado pela reportagem de odiario.com, mas não quis comentar o assunto. Ele apenas informou que o procedimento estava sendo analisado pelo MPF.

O advogado do prefeito Barbosa Neto, João Gomes Filho, afirmou que não há qualquer tipo de envolvimento de seu cliente no caso. Ele alega que em depoimento prestado do MPF, o empresário Wilson Vieira, teria esclarecido absoluta distância do prefeito nessa situação.

"Não acredito que o prefeito seja investigado nessa situação. O MPF deve limitar o fato aos destinatários das emendas e dos lobistas que trabalham com eles. Isso não tem nada a ver com a gestão", disse.

A assessor de imprensa da Prefeitura de Londrina, José Otávio Sancho Ereno, informou que o município desistiu de tentar a liberação das emendas devido a impossibilidade das contrapartidas exigidas junto a União. Seria necessário o investimento de 8% do valor total, o que representaria pouco menos de R$ 1,5 milhão.

Em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira, o prefeito Barbosa Neto questionou a informação de que o ex-chefe de gabinete teria feito pagamento aos deputados. "Tem que mostrar aonde é que está dizendo que o chefe de gabinete teria feito pagamento aos deputados. O que eu posso dizer é que tudo isso está as claras, foi tudo dentro de uma legitimidade e inclusive que esta no próprio processo", disse.

Ele ainda comentou que o chamamento dos deputados à cidade foi no intuido de mostrar a realidade de Londrina, para que eles pudessem ajudar na questão da saúde e de asfalto. Ele confirmou o cancelamento das emendas por conta da falta de recursos para a contrapartida exigida.

"Eu tinha inclusive conversado com os empresários da cidade para que eles pudessem ajudar a cidade de alguma forma. É como nós estamos fazendo parceria para o asfaltamento de alguns bairros e até com outros moradores aproveitando a nossa Usina de Asfalto. Enfim não há nada ilegítimo nisso, não há nada ilegal nisso", comentou.

Ele confirmou seu relacionamento com o deputado Vinicius Carvalho, que teria sido seu contemporâneo na Comissão de Defesa dos Direitos do Consumidores na época em que Barbosa ainda era deputado. "Ele esteve aqui na nossa cidade como também esteve depois o deputado Léo Vivas", declarou.

Fonte: londrina.odiario.com