CEI aponta que Prefeitura de Londrina pagou por vigilantes de rádio


O relatório da Comissão Especial de Inquérito (CEI) que apurou irregularidades nos contratos da Prefeitura de Londrina com as empresas Centronic e Proguarda foi entregue na tarde desta quinta-feira (8) durante sessão da Câmara.

Segundo o relator da CEI, Rony Alves (PTB), o município pagou por vigilantes da Centronic que trabalhavam na rádio do prefeito Barbosa Neto (PDT), Brasil Sul AM. Ao contrário do que foi divulgado com base nas informações veiculadas pela rádio Paiquerê AM, a CEI pede responsabilização do prefeito e, com isso, abertura de uma Comissão Processante (CP) contra ele.

Além disso, ele pontuou que a empresa orquestrou um esquema de desvio de verba, apesar de "cumprir rigorosamente as determinações previstas em contrato". De acordo com o vereador, a Centronic contratava vigias e pagava os profissionais como tal, no entanto, a prefeitura, que desenbolsava os valores, destinava os honorários para cargos de vigilante - que seriam mais onerosos aos cofres públicos.

Segundo Alves, os vigilantes teriam formação para trabalhar na função e teriam passado por treinamento, diferente do cargo de vigia. De acordo com ele, representantes da Brasil Sul disseram que havia um contrato de permuta com a Centronic, mas não eles não teriam conseguido comprovar essa aliança.

"Havia documentos frágeis, rasurados, nada que comprovasse. A rádio diz que a Centronic tinha crédito de R$ 43 mil, mas o problema é que não foi constatado a utilização desse valor. Como que uma empresa dessa em Londrina não usaria se propaganda é a alma do negócio?", ironizou o vereador.

Outro questão apurada foi o fato da empresa ser constatada como inidônea e mesmo assim a prefeitura só rompeu o contrato com a empresa muito tempo depois. O vereador Jacks Dias (PT) também é alvo de apontamentos da CEI, uma vez que corre contra ele um processo na 3ª Vara Criminal de Londrina em que ele figura como réu.

O caso se refere ao recebimento de propina em 2006, na assinatura do contrato com a Centronic. À época ele ocupava o cargo de secretário municipal de Gestão Pública de Londrina. "Nós pedimos análise da Comissão de Ética da Casa para que ele seja ouvido. As irregularidades não são só dessa gestão, mas desde a administração passada", comentou o relator da CEI.

A Centronic ainda é acusada de sonegação de impostos por não ter pagado aos vigias o Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISSQN). "Não houve preocupação da rádio em nenhum momento em saber se os funcionários estavam com os direitos trabalhistas em dia", declarou.

Alves falou na sequência do presidente da CEI, vereador Roberto Kanashiro (PSDB), que apenas tornou público todo o processo de investigação. O documento apresentado à Câmara possui 19.016 páginas, com 37 volumes. O relatório segue para publicação no Jornal Oficial do Município e posterior deliberação do plenário da Câmara.

Fonte: londrina.odiario.com