Grupo contra corrupção no PR propôs 241 ações em 3 anos


Ligado à Advocacia-Geral da União, Núcleo de Combate à Corrupção se concentra em recuperar recursos federais desviados ou mal aplicados

Se o crime é organizado, o combate à corrupção também deve ser. Partindo desse pressuposto, a Advocacia-Geral da União (AGU) investe, há três anos, no trabalho de um núcleo permanente voltado exclusivamente para investigar e propor ações judiciais contra recursos públicos desviados dos cofres da União. Trata-se do Núcleo de Combate à Corrupção. O foco é recuperar os valores que se perderam, por intermédio de prefeitos, servidores públicos e empresários corruptos. Muito dessa organização parte do compartilhamento de informações, entre Polícia Federal, Ministério Público e Tribunal de Contas, o que antes não acontecia, ou ocorria somente em parte. Essa mobilização é essencial para buscar provas, uma vez que comprovar crimes de corrupção não é tarefa fácil. De resultado, o grupo que atua no Paraná já conseguiu recuperar R$ 5,1 milhões, em pouco mais de três anos. E desde dezembro de 2008, o grupo da AGU no Estado já propôs 241 ações.

Entre as 35 ações ajuizadas somente no ano passado pela equipe de Curitiba, o grupo conseguiu o bloqueio de bens na ordem de R$ 15 milhões e busca na Justiça a responsabilização de dois prefeitos/ex-prefeitos, quatro organizações não-governamentais (ONGs) e dez servidores federais, além de empresas públicas e privadas. Esses números dizem respeito apenas às ações sob coordenação dos advogados de Curitiba e por isso devem ser maiores, com as equipes atuantes no interior.

Um dos primeiros e principais casos que recebeu a atuação da AGU no Estado foi o esquema das ''Sanguessugas'', a ''máfia das ambulâncias'', que rendeu, só no Paraná, ações contra três ex-deputados federais, 62 prefeitos ou ex-prefeitos, 161 servidores municipais, 25 empresas e cinco empresários. Até agora, nenhum desses processos foi julgado, embora a previsão é de que alguns desses casos possam ter decisão até o fim deste ano. A demora é decorrente da grande quantidade de pessoas envolvidas no esquema, descoberto nacionalmente, e que precisam ser citadas.

Além da Operação Sanguessuga, uma importante atuação do grupo da AGU ocorreu no caso do Centro Integrado de Apoio Profissional (Ciap), em Londrina, a partir do qual a Oscip ficou proibida de celebrar novos termos de parceria com instituições públicas. A Ciap desviava parte dos recursos públicos que recebia. A equipe do núcleo de assessoramento estratégico das atividades em Curitiba, composta pelos advogados Vitor Pierantoni Campos (coordenador), Bianca Zatola e Daniele Talamini, conversou com a reportagem da FOLHA sobre os trabalhos e resultados alcançados até agora. 
 
Fonte: Jornal Folha de Londrina - www.folhaweb.com.br