SP teria doado dinheiro para campanhas petistas


Os promotores relatam na ação civil pública que pouco antes das eleições de 2006 e, portanto, antes mesmo de ''vencer'' a licitação em Londrina, a SP adiantou para Nedson e para Jacks Dias cerca de R$ 339 mil (em valores corrigidos) que seriam utilizados na campanha eleitoral daquele ano.

''Nós temos documentos apreendidos que detalham um controle financeiro paralelo da SP Alimentação e que demonstram que antes da contratação da empresa já foram pagos mais de R$ 300 mil como adiantamento para campanhas eleitorais'', detalhou a promotora. Segundo a ação, o ex-funcionário da SP, Genivaldo Santos, afirmou que ''embora Jacks Dias se incumbisse de receber a propina, os valores eram também destinados ao então prefeito Nedson Micheleti''.

Quanto às propinas pagas durante os três anos em que o contrato vigorou, o MP revela que Nedson e Jacks teriam recebido R$ 703 mil. O acordo era um pagamento mensal de 5% e 8% do valor pago pela prefeitura para o serviço da merenda. ''Para possibilitar o pagamento de propina aos agentes públicos, a empresa manipulava os dados das planilhas que eram apresentadas ao município e que embasavam o faturamento mensal pago à empresa, o que permitia uma sobra de caixa e o pagamento das propinas'', explicou a promotora.

Nedson Micheleti não foi localizado. Seu advogado, Gustavo Munhoz, disse que seu cliente se manifestará apenas por meio do processo. Já o vereador Jacks Dias estava em viagem e pediu para que a reportagem entrasse em contato com seu advogado João dos Santos Gomes Filho. O defensor alegou ainda não ter conhecimento da ação, mas que podia adiantar que Jacks ''não tem nenhuma responsabilidade objetiva''.

Sobre documentos e planilhas apreendidos pelo MP de São Paulo, Gomes salienta que ''papel aceita tudo'' e essas não seriam provas contundentes da participação de seu cliente no esquema. ''Somente os papéis não são prova. Mas, se houvesse dinheiro sem comprovação de origem, ou mesmo em sua conta, juntamente com essas planilhas seria uma prova. E o Jacks sempre colocou seu sigilo bancário à disposição'', defendeu. (L.C./P.B.O.)
Fonte: www.folhaweb.com.br