Vereadores aprovam, por unanimidade, CP para investigar Barbosa Neto


A Câmara de Vereadores de Londrina aprovou, por unanimidade, na tarde desta quinta-feira (26), o pedido de abertura da Comissão Processante (CP) que investigaria o uso de vigias da empresa Centronic pagos com recursos públicos e que teriam cumprido expediente na Rádio Brasil Sul, de propriedade do prefeito Barbosa Neto (PDT)Jacks Dias (PT) não votou. Ele precisou se ausentar porque o filho dele passou mal e ele precisou acompanhá-lo até o hospital. A aprovação, com 18 votos, ocorreu depois da liberação da bancada governista pelo prefeito Barbosa Neto (PDT).

A oposição suspendeu por duas vezes a votação, nas últimas sessões. Em meio à tentativa governista de tentar reverter a abertura da CP da Centronic, houve o escândalo da tentativa de suborno ao vereador Amauri Cardoso(PSDB), para que ele votasse contra a CP. Daí em diante, a situação governista piorou, até a “rendição” declarada pelo prefeito no começo desta tarde, com a liberação da bancada.

Comissão

A escolha dos membros da Comissão Processsante é feita por sorteio. Os sorteados foram os vereadores Roberto Kanashiro (PSDB), José Roque Neto (PR) e Jacks Dias (PT). Com essa composição, a oposição teria dois membros.

No entanto, ao retornar à Câmara nesta tarde, o vereador Jacks Dias (PT)adiantou aos jornalistas que vai se declarar impedido por ter sido citado no relatório da CEI da Centronic que deu origem a esse pedido de cassação. “Não quero oferecer prejuízo político nem jurídico para a CP”, declarou.

Dias era secretário de Gestão Pública e foi responsabilizado por irregularidades ocorridas no contrato com a empresa durante a gestão do ex-prefeito Nedson Micheleti (PT).

Sessão foi tumultuada

O prefeito Barbosa Neto foi até a Câmara nesta tarde. Ele reclamou do trancamento da agenda da Casa e liberou a bancada governista a votar pela abertura da Comissão Processante da Centronic, que pode resultar na cassação do próprio mandato.

O prefeito queria falar em plenário, mas disse ter sido impedido pelo presidente da Câmara, vereador Gerson Araújo (PSDB). A assessoria da Câmara negou que houve negativa para o pedetista porque esse pedido não teria sido feito oficialmente.

Quando falava aos jornalistas, alguns manifestantes a favor da abertura da CP se aproximaram gritando "fora Barbosa" e "ladrão". Logo em seguida, os apoiadores do prefeito também chegaram para gritar o nome dele. Houve tensão, mas a princípio não houve agressões.

A CP da Centronic, o quarto pedido de investigação contra Barbosa, que ocupa o cargo há três anos, tem como base o relatório de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) que encontrou provas materiais de que dois vigias da Centronic trabalharam na Rádio Brasil Sul, de propriedade do prefeito.

Compra de votos

Na quarta-feira (25), a Justiça decretou a prisão preventiva do ex-secretário de Governo de Londrina Marco Cito e do ex-funcionário público Ludovico Bonato, presos na terça por envolvimento num suposto esquema de compra de votos de vereadores.

O objetivo dos dois, segundo gravações feitas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), era evitar a aprovação da Comissão Processante (CP) da Centronic na Câmara.

Um dos vereadores que anunciou que votaria contra o prefeito foi Amauri Cardoso (PSDB), que colaborou com o Gaeco para realizar uma série de gravações que indicam que havia um esquema de pagamento de propina para que parlamentares aprovassem projetos do Executivo.

Cardoso disse que foi abordado por Marco Cito e por Ludovico Bonato com uma oferta de dinheiro. Seriam R$ 20 mil antes da votação, R$ 20 mil depois e mais R$ 40 mil durante a campanha. No momento da prisão, Bonato estaria entregando R$ 20 mil ao parlamentar. “Por trás de tudo isso está Barbosa Neto”, disse. A origem do dinheiro ainda é desconhecida.

Barbosa afirmou que está sendo vítima de “uma campanha voltada para cassar” o mandato dele e negou que exista um esquema de compra de voto. No dia da prisão, o ex-secretário disse que era inocente e que apenas ofereceu “apoio político” a Cardoso.

Fonte: www.jornaldelondrina.com.br