Eloir Valença, assessores e empresário são indiciados pelo suborno a vereador de Londrina


O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em Londrina, indiciou cinco pessoas nas investigações da tentativa de suborno ao vereador Amauri Cardoso (PSDB), há duas semanas. Os indicados, todos presos, foram o ex-secretário municipal de Governo, Marco Cito (estava atualmente na pré-coordenação de campanha eleitoral do PDT), o empresário Ludovico Bonato, o chefe de Gabinete do prefeito Barbosa Neto (PDT), Rogério Ortega, o Rogerinho, o diretor da Sercomtel, Alysson Bonato, o Pinguin, além do vereador Eloir Valença (PHS).


Dos indiciados, apenas Eloir Valença não está detido na Penitenciária Estadual de Londrina (PEL 2), por ter conseguido uma autorização judicial para que a prisão dele fosse domiciliar, permanecendo internado no Hospital do Coração desde a tarde desta terça-feira (1º), quando foi decretada a sua prisão e ele teria sofrido um problema de hipertensão grave.

De acordo com o delegado do Gaeco, Alan Flore, responsável por conduzir as investigações, os cinco estão sendo acusados por formação de quadrilha, corrupção ativa e, no caso de Eloir Valença, corrupção passiva, porque ele teria aceitado receber dinheiro para finaciamento de Campanha Eleitoral. Ele enfatizou ainda que a proposta feita a Valença teria sido realizada pelo mesmo grupo de pessoas que tentou persuadir Amauri Cardoso.

O esquema, segundo relatou o delegado, funcionava com o grupo formado por Cito, apontado pelo Gaeco como mandante, Ortega e Alysson. Eles se reuniram e decidiram que Bonato intermediaria a entrega do dinheiro para o vereador Amauri Cardoso. "O Bonato foi incubido de angariar o Amauri por ser amigo do vereador e também foi designado para realizar a entrega do dinheiro", explicou.

"Alyson teria entregue o dinheiro para Cito no estacionamento da prefeitura que chamou Bonato até o carro e repassou o montante para ele. Bonato seguiu até a Rua Cambará, n° 85 onde entregou a quantia de R$ 20 mil para Amauri Cardoso", completou.

A entrega de dinheiro, realizada por Bonato a Cardoso, foi filmada e exibida pelo Gaeco durante a entrevista coletiva. Ainda de acordo com Alan Flore, a câmera utilizada estava escondida durante toda a transação.

Flore fez questão de ressaltar que não houve a colaboração de nenhum dos envolvidos durante as investigações. "Eles não falaram praticamente nada. Nenhum deles colaborou", afirmou.

Outro fato interessante, apresentado na coletiva, foi o fato de um agente do Gaeco ter presenciado o momento em que Bonato foi ao estacionamento da prefeitura para receber os R$ 20 mil que seriam entregues a Amauri Cardoso.

A investigação feita pelo Gaeco não apontou a participação do prefeito Barbosa Neto (PDT). "Não tivemos um indicativo concreto que ele soubesse da atuação do grupo ou que ele tenha sido o mandante. Em nenhum momento [dos depoimentos e das investigações] ele foi citado", concluiu.

Já com relação à origem do dinheiro, a pergunta permanece sem reposta. "Existem algumas suspeitas, mas ainda não foi possível apontar com precisão a origem desse dinheiro. Isso é algo que ainda trabalharemos para descobrir", completou.

A conclusão da investigação feita pelo Gaeco foi protocolada na 3ª Vara Criminal de Londrina na tarde desta quinta-feira. Na sequência, o documento volta para os promotores do Ministério Público (MP) que têm o prazo de até cinco dias para, se assim decidirem, abrirem a denúncia.

Segundo Alan Flore, será aberto um novo inquérito que deve abordar duas novas matérias que tiveram outros aspectos apontados durante as investigações. "Estamos trabalhando para a abertura de um novo inquérito que deve abranger a Lei da Muralha e também a questão do ISS da Unopar [projetos em discussão na Câmara Municipal]", ressaltou.

Nesse primeiro momento, o delegado disse que  os indicíos apontaram a necessidade que o foco das investigações fosse na compra do voto do vereador Amauri Cardoso, mas a suspeita é de que esse tipo de oferta já tenha acontecido antes. "Por isso a necessidade da abertura do novo inquérito. Precisamos investigar mais a fundo. Nós apuramos o fato e podem aparecer mais vereadores envolvidos", comentou.

A ideia, agora, é que a prisão de Alyson, Rogério e Eloir passe de temporária para preventiva, a pedido do MP. "Nós vemos dessa maneira, justamente pela necessidade de garantia da ordem pública e pela audácia do crime", explicou o promotor Cláudio Esteves.

Fonte: londrina.odiario.com