Ninguém conhece bicheiro onde ele teria se formado


Embora tenha apresentado certificado de conclusão do curso de Administração na Inesul, em Londrina, o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, acusado de comandar um esquema de contravenção, inclusive com tentáculos no Congresso Nacional, nunca foi visto na instituição por quem deu aula ou estudou com ele. É o que garantem um professor e uma aluna, que pelas redes sociais reagiu à informação da “passagem” de Cachoeira pela Inesul dizendo: “nunca vi mais magro, pura mentira”. O professor que confirmou ter dado aula para essa turma e pediu para não ser identificado, disse “não lembrar” da “presença” do novo vilão da política nacional na cidade. “Dei aula para essa turma e não lembro dele. Não foi aluno”, afirmou.

“Não lembro nem fisicamente, tinha que ver a fisionomia dele, mas não me recordo não”, confirmou o professor. Ele ressalvou, porém, que “Londrina certifica todos [os cursos], inclusive das outras unidades”.

De acordo com a assessoria de imprensa da Procuradoria Regional da República da Primeira Região (PRR1), em Brasília, o bicheiro apresentou no pedido de habeas corpus um certificado de que concluiu o curso, que teria sido feito presencialmente, em Londrina. A assessoria informou ainda que a PRR1 questionou a Inesul sobre a veracidade do certificado e foi informada pela instituição que o documento é válido. O diploma ainda não foi expedido.

Cachoeira usou o certificado da Inesul num pedido de habeas corpus, para alegar que tem profissão e por isso não precisaria ser mantido preso. Segundo a assessoria, a Procuradoria se manifestou no processo alegado que "trata-se de um certificado de conclusão, e não de um diploma, como a defesa afirma. O certificado não prova que o paciente tem escolaridade de nível superior, pois é desprovido de status de diploma devidamente registrado no Ministério da Educação (MEC)", conforme já havia noticiado o jornal Correio Braziliense, em 19 de abril.

Estágio e TCC
De acordo com o departamento jurídico da Inesul, Cachoeira fez o último ano do curso de Administração em Londrina. Ele cursou entre fevereiro e dezembro de 2010 as disciplinas de estágio e o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), para as quais não precisaria comparecer diariamente na instituição. O departamento jurídico, porém, não informou o nome do professor que orientou o TCC de Cachoeira, alegando tratar-se de uma informação que só o aluno poderia divulgar. Ainda segundo o departamento jurídico, Cachoeira veio para a instituição londrinense transferido da Unievangélica, de Anápolis (GO), cidade do bicheiro.

O diretor do curso de Administração da Unievangélica, Ieso Costa Marques, disse que assumiu o cargo em 2010, depois que Cachoeira já tinha sido transferido para a Inesul. “Estou recentemente como diretor”, explicou. O JL procurou a diretoria geral da instituição, que disse que as informações sobre a vida acadêmica dos alunos só podem ser passadas aos alunos.

Fonte: Jornal de Londrina