Empresas vão pagar R$ 67 milhões ao INSS por acidentes


A cada hora, 83 pessoas sofrem um acidente de trabalho no Brasil. E o pior: pelo menos duas pessoas morrem, todos os dias.

Trabalhadores são transportados na carroceria de caminhões. Na retro-escavadeira, só há lugar para o motorista, mas três pessoas viajam na cabine. Em uma obra, o operário se equilibra sobre as ferragens.

"Ele pode escorregar. Mesmo usando o cinto de segurança, ele poderá ter um tranco na coluna e poderá ter arranhões uma vez que a obra está em fase de concretagem, com armações e ferragens expostas", aponta a especialista em segurança do trabalho Marta de Freitas, da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI).

Em outra construção, falta proteção no andaime.

Leis trabalhistas determinam que as empresas devem oferecer equipamento de segurança e fiscalizar se eles estão sendo utilizados corretamente. No ano passado, o INSS fechou o cerco aos patrões que não dão proteção adequada e passou a cobrar deles os gastos previdenciários com acidentes de trabalho. Ao todo, R$ 67 milhões devem ser devolvidos aos cofres públicos neste ano.

Com a cobrança, o INSS também pretende equilibrar o déficit previdenciário. Em 2009, foram arrecadados R$ 9 bilhões com seguros contra acidentes de trabalho, mas gastou R$ 14 bilhões com benefícios.

O ajudante de caldeiraria Carlos Juvêncio recebeu o auxílio-doença por sete anos depois que perdeu três dedos em um equipamento metalúrgico. "Não houve nenhum tipo de treinamento. Eles me levaram para a máquina e disseram: `você vai desempenar essas peças aqui e a máquina está na sua mão’", conta.

"O mau empresariado hoje sabe que vai ter que ressarcir esses valores à Previdência Social. Então, ele vai tomar mais cuidado, para que nós possamos sair desse destaque vergonhoso de o quarto país do mundo quando o assunto é acidente do trabalho", afirma o procurador federal Geraldo Magela Ribeiro de Souza.

Fonte: Bom Dia Brasil