Alysson se apresenta e quer cooperar com o Gaeco


Depois de estar foragido por cinco dias, ex-diretor da Sercomtel envolvido em suposta compra de voto na Câmara retorna à prisão

O ex-diretor de Participações da Sercomtel Alysson Tobias de Carvalho, que esteve foragido da Justiça por cinco dias, se apresentou ontem e mostrou o desejo de cooperar com as investigações que apuram suposto esquema de compra de votos na Câmara de Londrina, comandado por pessoas ligadas ao prefeito Barbosa Neto (PDT). 

Alysson admitiu aos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) o interesse pela delação premiada - quando o investigado busca redução de eventuais penas através da colaboração com o procedimento investigatório. Contudo, antes de depor formalmente, o ex-diretor passou mal e precisou ser atendido por socorristas do Samu. Após avaliação clínica, Alysson foi encaminhado para o Hospital da Zona Sul, onde ficou até às 18h. Em seguida, acabou transferido para a penitenciária. 

Antes de ser levado para a sede do Gaeco ontem pela manhã, Alysson passou a madrugada no Centro de Triagem da 10 Subdivisão Policial, depois de ter se apresentado na Penitenciária Estadual de Londrina (PEL2), onde chegou de táxi e sozinho. ''Ele ficou aqui (no Gaeco) porque manifestou a vontade de cooperar, esclarecer os fatos, mas a chegada dos advogados coincidiu com a reclamação do estado de saúde dele e, então, solicitamos a presença do atendimento médico'', explicou o promotor Cláudio Esteves. 

Alysson foi encaminhado para o HZN por volta das 11h30. Anteriormente, na primeira vez que foi preso, ele já havia passado seis dias internado no Hospital do Coração com quadro de sangramento intestinal. 

O advogado Miguel El Kadri afirmou que o cliente tem interesse em contribuir com as investigações, mas não quis confirmar se teria acontecido ontem o acordo sobre a delação premiada. ''Desde o primeiro momento a intenção é que ele contribua com as investigações e diga a verdade.'' 

Alysson ficou preso por 12 dias, até conseguir habeas corpus no plantão do Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná, que acabou sendo revogado uma semana depois. Desde o dia 18 de maio, o paradeiro dele era desconhecido. ''(Alysson) teve a liberdade determinada pelo tribunal e saiu para descansar e após a volta, quando conseguimos contato, tão logo foi informado que deveria se apresentar, ele se apresentou'', disse El Kadri. 

O advogado informou que a decisão de se apresentar foi do próprio Alysson, ''que já teve até briga em família por conta de toda essa situação''. 

Segundo o promotor, caberá ao ex-diretor da Sercomtel a decisão de contar mais detalhes sobre o suposto esquema criminoso. ''Não vamos insistir nisso (delação premiada), nem chamá-lo, mas se ele tiver o desejo de cooperar ele tem advogados para isso.'' El Kadri apresentou um pedido de habeas corpus ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), no último dia 20, que está sob análise do Ministro Jorge Mussi. 

Além do próprio Alysson, figuram como réus em ação penal, acusados de formação de quadrilha e corrupção, o ex-secretário de Governo Marco Cito, o chefe de Gabinete Rogério Lopes Ortega, o ex-presidente da Sercomtel Roberto Coutinho Mendes, o empresário e representante da cooperativa de recicláveis Cooprelon, Ludovico Bonato e o vereador afastado Eloir Valença (PHS).


Fonte: www.folhaweb.com.br