Barbosa admite empréstimo e tentativa de comprar rádio


Em entrevista coletiva na manhã de ontem, o prefeito de Londrina, Barbosa Neto (PDT), admitiu ter tentado comprar a rádio Tribuna Soft FM, de Apucarana, e que o negócio somente não se consumou porque outro comprador teria apresentado proposta superior a R$ 4,5 milhões, valor oferecido por Barbosa e seu possível sócio na compra, o empresário Sérgio Malucelli, gestor do Londrina Esporte Clube (LEC). 
A negociação da emissora e um empréstimo de R$ 1 milhão que Barbosa teria tomado de Malucelli no final de 2010 levaram o Ministério Público (MP) a instaurar procedimento para apurar eventual enriquecimento ilícito do prefeito, infração prevista na Lei de Improbidade Administrativa. 
Barbosa, no entanto, frisou que a aquisição não seria à vista, mas não detalhou seu plano de compra. ''A nossa proposta foi para pagamento em 48 meses, com sócios, buscando o Sérgio Malucelli, que colocaria um apartamento na negociação; eu também tenho propriedades; eu fui até alguns bancos para fazer um financiamento, e tenho provas disso'', declarou o prefeito. 
Em depoimento ao MP, o dono da rádio da Apucarana, Baltazar Eustáquio, o Taquinho, afirmou que a proposta foi pagar R$ 2,2 milhões à vista e parcelar R$ 2,3 milhões em 24 parcelas. Na entrevista, o prefeito sugeriu que sua emissora de rádio AM poderia entrar na negociação por meio de parceria com Taquinho. ''Tenho uma emissora de rádio que vale alguns milhões de reais, nós iríamos colocar essa emissora numa sociedade junto com o Taquinho, que é pessoa de minha amizade, mas isso não se consubstanciou.'' 
Sobre o empréstimo tomado de Malucelli, Barbosa admitiu o negócio, mas não revelou o valor. ''Eu tenho sim uma dívida com o Sérgio Malucelli, mas isso vamos saldar no momento correto. Estamos discutindo (uma forma de pagamento) para evitar uma cobrança judicial.'' Malucelli teria consigo uma nota promissória no valor de R$ 1 milhão assinada pela primeira-dama, Ana Laura Lino, e pelo empresário Wilson Vieira e, em razão da dificuldade de receber, teria feito confidências sobre a dívida com o vereador Joel Garcia (PP), da oposição a Barbosa. 
O dinheiro, segundo Malucelli teria revelado a Joel, seria para pagar comissão a deputados federais do Rio de Janeiro que apresentaram emendas para Londrina e teria sido levado a um suposto assessor dos deputados por Wilson Vieira, conforme consta de investigação do Ministério Público Federal. 
Barbosa, no entanto, negou que o empréstimo tivesse relação com a administração pública. ''É uma dívida pessoal, que não envolve recurso público. Com o salário de prefeito, baixamos muito nosso padrão; eu ganhava três vezes mais, na TV e no rádio e até como deputado federal e estadual e nos sujeitamos a isso (salário menor) por amor a essa cidade.'' 
Mesmo admitindo parcialmente as duas situações investigadas pelo MP, o prefeito classificou o procedimento como ''mais uma grande mentira que se lança''. ''Não é possível mais a gente suportar este tipo de perseguição que o MP faz contra o Barbosa Neto'', afirmou, acrescentando que estaria disposto a colocar à disposição seus sigilos bancário, fiscal e telefônico. 
Logo após prestar depoimento, como testemunha, ao promotor Renato Castro na última quinta-feira, a reportagem tentou falar com o empresário Baltazar Eustáquio, ainda na sede do MP, mas ele preferiu não se manifestar. Ontem, o advogado Petrônio Cardoso, foi novamente procurado e informou que o cliente mantém a posição de não comentar as investigações. (Colaborou Edson Ferreira)
Fonte: Folha de Londrina