Audiência vai debater condições de trabalho


Segundo o Sindserv, boa parte dos servidores sofre com condições inadequadas e com a falta de um programa de saúde ocupacional

O Sindicato dos Servidores Municipais de Londrina (Sindserv) deve convocar uma audiência pública para discutir a situação de trabalho de servidores. Os seis candidatos a prefeito deverão ser convidados. A idéia foi lançada ontem, depois que o presidente do sindicato, Marcelo Urbaneja, esteve na Câmara de Vereadores, prestando esclarecimentos sobre a quantidade de licenças médicas entre os servidores, como mostrou a reportagem do JL no dia 20 de junho.

Segundo Urbaneja, os números e as opiniões dos secretários apresentados pela reportagem têm um fundo de preconceito. “Não há parâmetros para medir se há excesso ou não de atestados. Não foi feito nenhum comparativo com outras cidades ou empresas, já que o Município é o maior empregador individual, com 7.491 servidores”, disse.

Ele apresentou números como a proporção de servidores por 100 mil habitantes que comprovariam que Londrina tem menos servidores (1,47) em comparação a cidades como Joinville (2,17), Maringá (2,36), Rolândia (2,29) e Cambé (1,97). Também apresentou uma empresa do setor privado que, com 600 funcionários – sendo 85% de funcionários femininos, a mesma proporção de alguns setores do serviço público de Londrina - teria uma taxa de atestados mensais na ordem de 40%, enquanto o Município fica na faixa de 23%.

O que motivou a audiência pública, no entanto, foi a apresentação de dados e fotos que demonstram que boa parte dos servidores sofre com condições inadequadas de trabalho, somado ao fato de que não haveria política de prevenção ou programa de saúde ocupacional para os funcionários públicos de Londrina. “Há até decretos que preveem tudo isso, mas quem fiscaliza o fiscal?” questionou o presidente. Urbaneja disse que o servidor sofre com preconceito porque ele só tem uma única garantia sobre os trabalhadores da rede privada: a estabilidade. “Isso porque o patrão muda de quatro em quatro anos”, aponta.

Garantias
Ele lembrou que o servidor não tem FGTS nem outras garantias exigidas por lei. “O operário de uma obra de construção, por exemplo, vai ter equipamentos de proteção individual (EPI) e coletiva porque o Ministério do Trabalho exige e fiscaliza. O cara que desentope bueiros não tem uma luva, uma bota para se proteger”, apontou. E lembrou que houve duas mortes de servidores, nessa administração, por acidentes de trabalho.

Além disso, Urbaneja também denunciou o fato que Acesf e postos de saúde trabalham sem alvará de licença da Vigilância Sanitária. “Além da falta de EPIs na Acesf, para onde vai a água que é usada na higienização dos corpos?”, questionou.

A audiência pública ainda não tem data para ocorrer, mas os vereadores ser manifestaram a favor da realização e se interessaram em participar. “Quem sabe podemos fazer uma lei sobre isso?”, disse o vereador Amaury Cardoso (PSDB).

Fonte: Jornal de Londrina