Cadeiras ergonômicas chegam ao setor de costura


Cerca de 80 mil trabalhadores do setor de confecções das cidades de São Paulo e Osasco receberão cadeiras ergonômicas. As características foram especificadas por laudo elaborado pela Fundacentro. A medida consta em cláusula da Convenção Coletiva de Trabalho negociada entre o Sindicato das Costureiras de São Paulo e Osasco e três sindicatos patronais:  Sindicato da Indústria do Vestuário Masculino no Estado de São Paulo,  Sindicato da Indústria do Vestuário Feminino e Infanto-Juvenil de São Paulo e Região, e  Sindicato da Indústria de Camisas para Homem e Roupas Brancas de São Paulo.

Sete mil empresas terão prazo de um ano para cumprir o acordo, a contar da data da assinatura, 27 de junho de 2012.

"Foi uma conquista tripartite. Nossa ideia é que as empresas do setor se unam em grupos para comprar as cadeiras de um mesmo fabricante, para que o custo seja menor", conta Ricardo Serrano, pesquisador da Fundacentro. 

A descrição técnica das cadeiras ergonômicas deve ser criteriosamente embasada no laudo da Fundacentro. "Há exigências como a qualidade da matéria-prima empregada na confecção do produto. A empresa também deve exigir dos fabricantes laudos técnicos em conformidade com as normas da ABNT como o de impacto e o de densidade de espuma", acrescenta Serrano.

A troca de cadeiras se inspirou em ação realizada nas indústrias do setor de calçados em Birigui/SP. Nessa cidade, a negociação envolveu 256 empresas e 22 mil trabalhadores. "A experiência de Birigui mostra que o afastamento por dores na coluna passou de primeiro lugar para quinto após a implantação das cadeiras", garante a presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Calçados de Birigui, Milene Rodrigues. 

"Os resultados já obtidos com o uso dessa cadeira mostram claramente a importância da inovação para o campo da Segurança e Saúde no Trabalho", completa o presidente da Fundacentro, Eduardo de Azeredo Costa. 

O presidente da Fundacentro avalia que a introdução de cadeiras ergonômicas trouxe ganhos para todos. Os trabalhadores tiveram redução importante do adoecimento e de dores resultantes de lesões osteomusculares. O aumento em produtividade ainda possibilitou aumento salarial nas negociações de dissídios subsequentes. "Para os empresários, houve diminuição dos afastamentos com aumento da produtividade, o que levou à maior competitividade e ao aumento de vendas. Para o Governo, aumentou a arrecadação e diminuiu o gasto da previdência e com atenção médica", conclui Costa.

Os empregadores também perceberam as melhorias. "Tivemos uma evolução. Após a implantação das cadeiras ergonômicas, os trabalhadores trabalham muito mais satisfeitos, têm mais saúde e rendem mais", avalia o vice-presidente do Sindicato das Indústrias dos Calçados e Vestuários de Birigui, Wagner Aécio Poli. 

Além da especificação das cadeiras ergonômicas, a Fundacentro desenvolveu inovações como tampo, pedal, mesas auxiliares e iluminação de LED para máquinas de costura. "Todos os protótipos foram testados em situações reais de trabalho na linha de produção. O trabalhador valida a ação realizada", diz Ricardo Serrano. 

A empresa em que Wagner Poli é diretor, Pé com Pé Calçados, abriu espaço para a realização de testes com os protótipos desenvolvidos pela Fundacentro. "A maneira como tudo foi construído é muito positiva, pois levou em conta as opiniões de todas as partes. Não foi algo imposto, estamos abertos a melhorias", explica Poli.

Toda a ação realizada pela Fundacentro segue princípios ergonômicos. "Na ergonomia, você tem que observar muito como o trabalhador trabalha", afirma Serrano. "As soluções são trazidas pelos trabalhadores. Observamos o posto de trabalho para chegar à resolução dos problemas."

A ação também chegou a Londrina (Paraná), onde o Ministério Público do Trabalho solicitou que as cadeiras especificadas pela Fundacentro fossem adotadas. Por volta de 13 mil trabalhadores já receberam cadeiras novas.

Fonte: Fundacentro