Gaeco indicia empresários no caso Muralha


Os empresários Ewerton Muffato e Anderson Fernandes foram indiciados por corrupção ativa pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Os dois teriam oferecido R$ 40 mil, no mês de março, ao vereador Roberto Fú (PDT) para que ele desistisse da tramitação de projeto de sua autoria que previa revogação da lei municipal 10.092/2006, conhecida como Lei da Muralha. Fernandes chegou a ser preso duas vezes durante as investigações. Muffato teve o pedido de prisão preventiva negado pela Justiça. 

Segundo denúncia do vereador ao Gaeco, Fernandes, que é proprietário de uma loja de material de construção na região Sul de Londrina, mantinha uma parceria com Muffato para a construção de imóvel que abrigaria um supermercado na PR-445. O empreendimento começou a ser construído, mas atualmente está paralisado. Com o objetivo de manter a Muralha para evitar a concorrência, Fernandes teria procurado Fú para oferecer a ''vantagem indevida''. O parlamentar, inclusive, apresentou ao Gaeco gravações de conversas entre os dois. O material foi anexado à investigação. 

O delegado Alan Flore afirmou que ''a oferta da vantagem teria sido feita pelo empresário Anderson Fernandes, diretamente ao vereador, e esse empresário não falava apenas em seu próprio nome, mas em nome de outro empresário''. Esse outro empresário, disse o delegado em entrevista à RIC TV, ''seria Ewerton Muffato''. Apesar de não detalhar as provas reunidas durante as diligências, o delegado disse que outros vereadores, em depoimento, contribuíram para confirmar as suspeitas contra os acusados. Depois das denúncias, o fim da Muralha foi aprovado pela Câmara no começo de julho. 

A FOLHA ligou para o advogado dos empresários, Valter Bittar, mas ele está em viagem. No escritório dele, o advogado Rafael Soares afirmou que havia tomado conhecimento do indiciamento pela imprensa e que se manifestaria apenas depois de ter acesso ao relatório.

No mesmo inquérito, foi indiciado o promotor de eventos Douglas Durães, também por corrupção ativa. Durante as investigações sobre eventual assédio dos empresários a outros vereadores, o Gaeco recebeu a informação de que Durães, marido da ex-superintende da Acesf Luciana Viçoso, teria oferecido R$ 30 mil ao assessor parlamentar do vereador Rony Alves (PTB), Reginaldo de Oliveira, para que ele ''plantasse'' no gabinete de Alves envelopes com dinheiro para incriminá-lo. A farsa seria para acusar o vereador por aceitar vantagem indevida. 

Segundo Flore, ''existia a pretensão de colocar os envelopes no gabinete, fazer a filmagem para eventualmente ser utilizada para fins políticos''. 

Durães negou a acusação. ''Eu não tentei plantar nada. Fui procurado pelo Reginaldo me dizendo que tinha o vídeo querendo me vender, para eu levar até o prefeito.'' Segundo o empresário, ele tinha amizade com o assessor parlamentar e teria aceitado comprar o material. ''Eu levaria o vídeo até o Gaeco e faria a denúncia, mas o Reginaldo pediu R$ 300 mil.'' A reportagem não conseguiu falar com o assessor. 

Com a conclusão do inquérito, agora caberá ao Ministério Público (MP) do Paraná analisar o relatório e decidir pelo oferecimento da denúncia contra os indiciados. O promotor de Justiça Cláudio Esteves disse que terá prazo de 15 dias, mas pretende concluir a análise do material já na semana que vem.

Fonte: Folha de Londrina