Estudantes cobram atenção de candidatos


Centenas de estudantes realizaram uma passeata na manhã de ontem em Londrina. A manifestação organizada pelo Movimento Estudantil Londrinense reivindicou mais investimento na área de educação (infraestrutura das escolas, formação dos professores e aumento de salários para os funcionários que trabalham na educação). Eles solicitaram que os eleitores votassem em candidatos comprometidos com essa pauta de reivindicações. Os alunos criticaram a redução da carga horária da aula de Filosofia, Sociologia e Artes no ensino secundário, repudiaram a prática da corrupção no meio político, e ressaltaram que trata-se de um movimento apartidário e que não possui relação com nenhum candidato. Trata-se do mesmo grupo que no dia 6 de setembro realizou uma outra manifestação pela educação. 

Os estudantes se reuniram no Calçadão às 9 horas da manhã e partiram rumo ao Centro Cívico. O aluno Nelson Manelli Junior, do primeiro ano do Ensino Médio do Colégio Nilo Peçanha, afirmou que os estudantes querem que o investimento em educação atinja 10% do Produto Interno Bruto no Brasil. ''A educação é quem faz a base do País. Há vinte anos os estudantes derrubaram o presidente Fernando Collor de Melo e agora queremos ter essa mesma força para que a educação melhore'', afirmou. 

Segundo o estudante Vinícius de Moraes, 16 anos, presidente do Grêmio do Colégio Marcelino Champagnat, os estudantes foram divididos em comissões de segurança, comunicação, finanças e animação, identificadas por faixas de diferentes cores colocadas nos braços. Os responsáveis pela segurança orientavam os estudantes, realizavam cordões de isolamento e impediam excessos. A comissão de animação ficou responsável por puxar as palavras de ordem pelo sistema de som e a de comunicação ficou responsável pelo atendimento à imprensa. A comissão de finanças cuidou da locação do carro de som e pela confecção de cartazes. Os recursos para isso foram obtidos pela comercialização de água mineral para os próprios estudantes. 

''Nós estamos cansados de políticos que não investem na educação. Atualmente um professor da rede municipal brasileiro ganha apenas 10% do que ganha um professor de um País desenvolvido. Isso são dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT)'', afirmou Tiago Louro, de 17 anos, aluno responsável pela organização dos alunos do Colégio Aplicação. 

Quem viu a manifestação também se solidarizou com a causa. O enfermeiro aposentado Luiz Reis Garcia, 60 anos, afirmou que essa manifestação não seria necessária se a Constituição Federal fosse cumprida. ''Para mim é uma humilhação, não para os estudantes, mas para os políticos. Eles deveriam se envergonhar de ver os estudantes serem obrigados a fazer uma manifestção dessas por melhorias na educação'', ressaltou. 

Para o vendedor Sidney Castro, de 59 anos, a passeata pode ser uma retomada do movimento estudantil. ''Na minha época, eu estudei durante a ditadura, a gente não podia fazer manifestações asim'', afirmou. ''Eles estão agindo corretamente'', declarou. 

Participaram estudantes dos colégios Vicente Rijo, Hugo Simas, Sesi, Aplicação, Marcelino Champagnat, Newton Guimarães, Benjamin Constant, Nilo Peçanha e Maria José Aguilera.

Fonte: www.folhaweb.com.br