As apostas de Alexandre Kireeff


Candidato do PSD investe no discurso técnico e na manifestação do eleitorado por mudanças para vencer a disputa pela Prefeitura de Londrina

Depois de dar um salto de 2% de intenção de voto para 25% dos votos válidos no primeiro turno, Alexandre Kireeff (PSD)aposta no discurso técnico e na manifestação do eleitorado pela mudança na administração pública para ser conduzido ao cargo de prefeito pelo eleitor londrinense. O candidato do PSD, que começou rejeitando alianças eleitorais no segundo turno, disse em entrevista ao JL que pretende dialogar permanentemente com os deputados estaduais e federais e com a sociedade civil para administrar a cidade, caso vença as eleições, no próximo domingo.

Apesar de o seu partido não ter conseguido eleger um único vereador, Kireeff acredita que vai conseguir construir a governabilidade com base no seu projeto de governo e sem ceder cargos a eventuais aliados que venham a se aproximar dele depois das eleições. Nessa entrevista concedida com exclusividade ao JL, Kireeff disse acreditar que pode melhorar o desempenho da máquina pública com uma administração técnica, aplicando, o que otimizaria os recursos do município.


Governabilidade construída por adesão

JL – A que o senhor atribui a sua ida para o segundo turno? 
Alexandre Kireeff – À vontade da população por mudança, acho que foi uma manifestação em favor de uma proposta diferente, que realmente representava uma mudança no cenário político e também e a intenção de discutir mais profundamente o processo eleitoral como um todo. Acho que esses dois recados principais foram dados. Aí nesse segundo turno a gente detalha, faz apresentação mais aprofundada de nossas propostas para que tome a decisão final.

JL – No horário eleitoral gratuito de quarta-feira tanto o senhor quanto o seu adversário falaram de saúde. O senhor disse que “é necessária a reforma administrativa que garanta a eficiência”. E que é necessário fazer um “conjunto de intervenções que garante mais eficiência e a busca de mais recursos”. O seu adversário disse que o problema da saúde será resolvido com “gestão, com administração” e disse que “com gestão técnica e inovadora vamos levar eficiência para o sistema”. Com discursos tão parecidos, porque o eleitor tem que votar no senhor e não no seu adversário? 
Kireeff – Ele vai avaliar quem tem capacidade de realização. Acho que a capacidade de realização, a execução desse discurso vai ser avaliada. Não se trata apenas de um discurso, mas de um compromisso e capacitação para executar aquilo que se apresenta, o projeto de governo. Isso vai ser avaliado pela população, o conjunto da proposta e da capacidade de executar.

JL – O senhor acha que tem melhor condições de se apresentar dessa forma? 
Kireeff – Eu vou me apresentar, vou apresentar o meu projeto de governo e a população é que vai fazer essa avaliação. Realmente eu não vou fazer essa avaliação. Quem vai fazer é o eleitor e essa decisão é soberana e é do eleitor.

JL – O senhor poderia detalhar essa reforma administrativa que foi citada hoje [quarta-feira] no horário eleitoral? Em que secretarias o senhor pretende mexer? Quais o senhor pretende extinguir? Como seria essa reforma? 
Kireeff – É na área da saúde. E esse trabalho foi desenvolvido pelo INDG [Instituto Nacional de Desenvolvimento Gerencial], é um trabalho muito bem feito, muito bem elaborado, modifica o organograma operacional, ele distribui funções de maneira diferente, evitando sobreposições de função que existem na Secretaria de Saúde. E por outro lado dá novas atribuições para outras estruturas desenvolvidas. Realmente otimiza o processo administrativo e cria as condições de gerenciamento. Melhor ocupação dos quadros de servidores, da mão de obra especializada e também da distribuição de medicamentos e insumos. Realmente é uma solução muito bem elaborada e é nesse sentido que consegue mais eficiência. Faz com que o recurso já disponível ganhe maior efetividade na sua utilização. Dessa maneira você multiplica a capacidade com a eficácia do recurso disponível. Com relação à ampliação da oferta de recursos, aí sim vai na eficiência administrativa da prefeitura como um todo. Você tem um fluxo de caixa mais folgado para que possa eleger o destino para novos investimentos. Outro aspecto que eu coloquei no programa se refere à diretoria de projetos. Isso é essencial, porque existem recursos disponíveis, principalmente junto ao governo federal, mas precisa ter projetos bem elaborados, de acordo com as técnicas e a regulamentação vigente para que de fato possa haver a captação do recurso. É um conjunto de medidas que vamos tomar e sempre dirigidas pelos indicadores de saúde. Os indicadores são os parâmetros que vão decidir uma série de procedimentos internos no que se refere a horário de funcionamento de posto de saúde localização dos postos de saúde e especialidades. É isso que queremos tornar muito seguro dentro processo de administração da saúde.

JL – O senhor planeja uma reforma administrativa na prefeitura como um todo? 
Kireeff – Com o tempo. Inicialmente vamos assumir o organograma atual para não haver perda no fluxo dos processos administrativos em andamento. Na medida do possível imaginamos que possa haver, sim, um aprimoramento no processo administrativo, com a maquina andando sem ruptura radical no processo. Não podemos criar um ambiente de solução de continuidade, tem procedimentos em andamento. Na verdade tem que ganhar eficiência, eficiência não se faz com ruptura abrupta, tem que haver um desenvolvimento do processo.

JL – O seu partido não elegeu um único candidato a vereador. O senhor não fez alianças no segundo turno. Se eleito prefeito, o senhor não terá um único vereador na sua bancada. Como pretende formar maioria na Câmara? O senhor vai distribuir cargos para os vereadores? 
Kireeff – Não, de forma alguma. Temos absoluta convicção da possibilidade de construir a governabilidade através da adesão ao nosso projeto de governo. Não tenho dúvida alguma que isso seja possível. Vamos insistir nessa tecla, eu defendo a independência dos poderes, precisa haver uma Câmara autônoma, não pode ser submissa ao prefeito, para que possa inclusive fazer o papel principal que o vereador tem que é fiscalizar a atuação do prefeito. E por outro lado o prefeito tem, sim que se ocupar da gestão, da eficiência administrativa e conduzir o processo e construir a governabilidade dentro do projeto de governo. Eu tenho absoluta convicção de que dentro da Câmara tem muitos vereadores eleitos que pensam dessa maneira.

JL - Esse discurso que o senhor faz de que não quer alianças não pode passar uma imagem de autoritarismo? Com quem o senhor pretende dialogar caso seja eleito?
Kireeff – Aí seria falha na minha comunicação, não das intenções.


JL – Diálogo com a sociedade o senhor pretende fazer? 
Kireeff – Diálogo permanente com a sociedade, com as forças políticas. Não são excludentes. Na verdade a aliança eleitoreira, essa não abrimos espaço para que ocorra. Mas o dialogo é fundamental que seja permanente, inclusive com as lideranças políticas já estabelecidas. Os deputados federais da nossa cidade, estou falando do André Vargas (PT), o Alex Canziani (PTB), do próprio Luiz Carlos Hauly (PSDB) que hoje ocupa uma Secretaria, o deputado estadual Luiz Eduardo Cheida (PMDB), o Tercílio Turini (PPS). São lideranças com que eu tenho um bom relacionamento. E no âmbito do relacionamento institucional, eu tenho certeza absoluta de que eles serão parceiros de uma eventual gestão.

JL – As secretarias de saúde, educação, gestão pública e fazenda são o coração da administração pública em londrina. o senhor tem nomes ou divulgaria algum dos nomes que o senhor pretende indicar para essas secretarias? 
Kireeff – Eu tenho tido o maior cuidado de não colocar a carroça na frente dos bois. Vamos primeiro disputar o segundo turno, espero conseguir a vitória e depois nós vamos tratar de cargos. Essa antecipação de ocupação de cargos é que muitas vezes está vinculada a uma maneira de fazer política que nós discordamos.

JL – O senhor tem feito um discurso de novidade, de distanciamento da política, no sentido de não ser um político profissional, mas já mudou de partido três vezes e disputou duas eleições diferentes por dois partidos diferentes. O que diferencia o senhor dos políticos tradicionais? 
Kireeff – Primeiro que eu não mudo, eu sou sempre a mesma pessoa, o que muda são os partidos. Eles é que têm uma mobilidade inclusive de posição fantástica. Eu continuo sempre firme nas minhas convicções. Não indico cargos em nenhum lugar, não possuo renda oriunda do poder público, também não indico nenhum tipo de ocupação de cargo público. Isso me distancia muito do político profissional. Essa eu acho que é a grande distinção. A maneira como nos mantemos sempre firme nas nossas convicções sem nenhum tipo de tolerância a conveniência eleitoral. Não estou dizendo que todos os políticos têm uma postura inadequada, não é isso. Mas que de fato eu não sou político profissional, eu não sou. Não estou falando nenhuma inverdade, muito pelo contrário.

JL – Por ser empresário o senhor tem sido pintado como candidato da elite. Se eleito pretende governar só para a elite?
Kireeff – Imagina, de forma alguma, minha candidatura é em favor de Londrina. E minha família está aqui desde 1932, as nossas origens são as mais humildes. A gente sabe que o trabalho, a oportunidade, a educação é o caminho para as pessoas encontrarem desenvolvimento. Ela facilita muito a manutenção de uma família coesa. E nós vamos trabalhar nesse sentido de construir em Londrina uma condição favorável à vida, estabelecimento da cidadania, a garantia da dignidade. Esse é o nosso único objetivo nosso, não tem nenhum tipo de outro interesse a não ser esse, pelo contrário. É realmente uma participação em favor da cidade no momento da minha vida, em função das circunstâncias, da possibilidade e é isso, só isso. Tem tudo isso envolvido.

JL – O Fernando Kireeff, seu irmão, foi presidente da Sercomtel na gestão do ex-prefeito Barbosa Neto (PDT). Não tem nenhuma aliança com o Barbosa? 
Kireeff – De jeito nenhum.

Fonte: Jornal de Londrina