Após escândalos, Londrina aposta no discurso técnico


O discurso “técnico” de Alexandre Kireeff (PSD) foi um dos fatores que contribuiu para a sua vitória na disputa pela Prefeitura de Londrina. Empresário bem-sucedido, o candidato do PSD se apresentou desde o começo da campanha como um técnico. Ele não conseguiu alianças no primeiro turno e por isso só ficou com os pouco mais de três minutos a que o seu partido teve direito. Ao passar para o segundo turno, Kireeff rejeitou alianças, por entender que se os partidos não quiseram aliança na primeira etapa da disputa, quando ele saiu de 3% das intenções de voto, não fazia sentido estabelecer coligações num momento posterior, em que o candidato tinha chances reais de vitória.

Questionado se a ausência de alianças não dificultaria na hora de administrar (o PSD, que saiu com chapa pura para a eleição majoritária, não elegeu nenhum vereador), Kireeff respondeu, ao longo do segundo turno, que as alianças poderiam interferir e prejudicar a sua gestão. Com um grupo pequeno e sem aliados, o prefeito eleito tem dito que pretende colocar técnicos e servidores de carreira à frente das secretarias. O discurso, pelo jeito, ganhou muitos votos de um eleitor cansado de escândalos – foram quatro prefeitos desde janeiro de 2009, três durante o período eleitoral – e dos erros dos políticos tradicionais.

O cenário político no qual Kireeff foi eleito, assemelha-se ao que elegeu Nedson Micheleti (PT), em 2000: depois da cassação do prefeito (em 2000 o cassado foi Antonio Belinati, do PP), o eleitor optou por um candidato que não tinha ocupado cargo público. Assim como Kireeff, Nedson saiu de 3% das intenções de voto para a prefeitura. O belinatismo, que ensaiava a redenção neste ano, morreu na praia. Apesar do candidato não ser o político que foi prefeito três vezes e protagonizou o escândalo Ama/Comurb, o vereador Marcelo Belinati (PP), que cumpriu dois mandatos na Câmara Municipal, canalizou os votos, mas também a rejeição do tio e principal cabo eleitoral.

Fonte: Jornal de Londrina