Funcionários protestam em frente à Sercomtel


Cerca de 120 dos 650 funcionários da Sercomtel cruzaram os braços na manhã de ontem em protesto contra a decisão da empresa de não pagar o abono salarial - benefício que havia se tornado habitual a cada fim de ano. Mas o presidente da operadora, Kentaro Takahara,reafirmou que a decisão é irreversível diante da situação financeira da empresa, que deve fechar o ano com prejuízo de R$ 20 milhões. Os trabalhadores reivindicam R$ 2 mil de abono em espécie ou tíquete-refeição. 

João Henrique Schmidt, representante do sindicato dos telefônicos (Sinttel), disse que a categoria não abre mão do benefício porque há oito anos não obtém ganho de salário real, mas apenas correções da inflação, situação que se repetirá em 2012. O reajuste deste ano deverá ser de 5,8%, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). 

Na manhã de ontem, os manifestantes fizeram um apitaço em frente à sede da telefônica. Segundo o Sinttel, ainda não há data definida para a próxima assembleia dos trabalhadores. Schmidt reclama que nenhum representante da diretoria conversou com os colaboradores a respeito dos problemas de caixa. 

A informação foi rebatida por Takahara. Ele afirma que já foram realizadas diversas reuniões com os funcionários sobre os problemas enfrentados."Mostramos a eles que poucas empresas de Londrina oferecem os benefícios que nós temos como tíquete-refeição e alimentação, auxílio-creche, auxílio-funeral, entre outros", afirmou. 

A empresa ainda oferece um auxílio no valor de um salário mínimo para funcionários com filhos com deficiência. "Vamos fechar 2012 com um prejuízo de R$ 20 milhões. Se disponibilizássemos o bônus, seria um ato de improbidade administrativa", desabafa. 

Questionado pela FOLHA sobre uma possível retaliação aos funcionários devido à manifestação, o presidente negou e disse estar sempre aberto para conversar. "Respeitamos o direito de eles reivindicarem", declarou. 

Plano de restruturação 

Para tentar levantar o caixa da empresa, Takahara explica que o plano é reduzir despesas, custos operacionais e, além disso, aumentar a receita. Questionado se as ações tomadas pela atual diretoria nos últimos meses não surtiram efeito, ele afirmou que sim, mas apontou novos custos como, por exemplos, os de multas aplicadas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). 

Ele disse contar com melhores negociações nos contratos de terceirização conforme eles forem vencendo. Mantidos os atuais valores, a Sercomtel irá gastar R$ 40 milhões com serviços de terceiros no próximo ano. 

Outros custos pesados, no entanto, não terão como ser reduzidos, como o total de impostos pagos, cerca de R$ 90 milhões, e os relativos à depreciação, aproximadamente R$ 30 milhões. 

Presente em 40 municípios paranaenses, a Sercomtel planeja incrementar a sua participação em outros 77 municípios do Estado. "Queremos entrar no mercado com produtos competitivos", salienta o presidente sem dar mais detalhes sobre o plano estratégico da telefonia.

Fonte: Folha de Londrina