Governo intervém e tenta barrar greve nos aeroportos


Preocupado em evitar que o caos aéreo retorne aos aeroportos do País às vésperas das festas de fim de ano, o governo federal interveio na ameaça de greve de aeronautas e aeroviários. A Presidência da República pressionou e conseguiu que as companhias aéreas oferecessem um reajuste de 6% aos trabalhadores. Após a proposta, sindicatos suspenderam a paralisação marcada para ontem, mas continuam em estado de greve.

Apesar de saber que as empresas estão enfrentando problemas, autoridades do governo consideravam "ridículo" o índice de 1% de reajuste salarial que estava sendo oferecido inicialmente pelos empresários do setor aos seus empregados.

"De fato, sem dúvida, o governo tentou ajudar nas negociações. Nós estamos preocupadíssimos com essa greve, principalmente neste momento", disse o ministro-chefe da Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho, ao sair de um seminário sobre as relações entre Brasil e Itália, em um hotel em Brasília.

Carvalho afirmou que a última informação que havia recebido era de que a nova proposta ainda não havia sido aceita pelos trabalhadores. Mas o governo está otimista de que, apesar da resistência inicial em relação aos 6%, os aeronautas e aeroviários aceitem o reajuste.

A interferência do governo mostra uma nova postura do Planalto em relação às atitudes tomadas pelas empresas aéreas, que agiram, até então, como se fossem autônomas e não funcionassem mediante autorização do poder pública. A última coisa que o governo quer, no momento em que enfrenta problemas de ordem política, é retomar o caos aéreo de 2006.

O presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas (que representa pilotos, copilotos e comissários), comandante Gelson Fochesato, afirmou que o aumento é insuficiente. Segundo ele, a inflação acumulada é de 5,95%. "Eles ofereceram só 0,05% a mais que a inflação. É muito aquém do que esperávamos. Estamos pedindo 8,5%."

Na tarde de ontem, os trabalhadores fizeram um protesto no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Usando réplicas de máscaras do filme "V de Vingança", os manifestantes chegaram a interditar por alguns momentos a Avenida 23 de Maio e o Túnel Paulo Autran.

O Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA), dos funcionários que trabalham em terra, diz que a categoria também continua em estado de greve. "Aceitamos abaixo do pedido inicial, com aumento para 10% para quem ganha o piso e 7% para quem ganha mais de R$ 5 mil. Mas nem isso as companhias tiveram capacidade de dar. Querem 6,5% para o piso e 3% para os que ganham mais de R$ 5 mil", diz Selma Balbino, presidente da entidade. 

O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea) entrou com pedido de liminar no TST, solicitando multa para o Sindicato Nacional dos Aeronautas, caso não mantenha ativos 90% dos postos de trabalho se decidir entrar em greve.

A ministra Maria Cristina Peduzzi, vice presidente do TST, esclareceu que ainda não há decisão sobre o pedido de liminar do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias a respeito da greve da categoria dos aeronautas.

Ao analisar o pedido do sindicato patronal, a ministra abriu prazo para que o sindicato dos trabalhadores informe se o movimento grevista já foi iniciado, e qual quantitativo de empregados ficará disponível para atender as demandas.

Caso aceite o pedido do Snea, o TST pode esvaziar as ameaças de greve, como fez no ano passado. Em dezembro de 2011, o presidente do tribunal, João Oreste Dalazen, determinou que pelo menos 80% dos aeronautas e aeroviários trabalhassem nas vésperas do Natal e ano-novo. Se a determinação não fosse cumprida, os sindicatos das duas categorias teriam de pagar multa diária de R$ 100 mil.

Fonte: www.espacovital.com.br