Com déficit de salas, rede municipal de Londrina adota o 3º turno


O retorno às aulas na rede municipal de ensino traz um grande desafio à nova gestão. A menos de um mês para o início do ano letivo, a Secretaria Municipal de Educação corre contra o tempo para suprir o déficit de 71 salas de aula para estudantes do ensino fundamental. A primeira medida emergencial foi a implantação de um terceiro turno na Escola Municipal Jovita Kaiser, zona norte, para evitar que os alunos fiquem sem vagas. O turno intermediário será das 11h30 às 14h30, mas ainda não se sabe quantos estudantes serão atendidos neste horário.

Essa foi a única alternativa encontrada onde não há possibilidade de readequação dos espaços internos. A Secretaria estuda a possibilidade da implantação do terceiro turno de aula em outras unidades.

A secretária municipal de Educação, Janet Thomas, afirma que as ações previstas no planejamento feito pela pasta para a implantação do ensino fundamental de 9 anos não foram colocadas em prática. São mais de 4 mil vagas - somando estudantes que ingressam no primeiro ano e aqueles que permanecem na rede com a implantação do 5º ano - que deveriam ter sido absorvidas com a construção de novas salas de aula a partir de 2010, quando foi acrescentado um ano no ensino fundamental de 9 anos.

Para evitar que alunos fiquem sem vagas, outras medidas paliativas estão sendo tomadas, como a construção de novas salas em escolas existentes e a adequação dos espaços físicos das unidades. No retorno às aulas, muitos alunos irão se deparar com ambientes escolares provisoriamente reconfigurados. Em algumas escolas, bibliotecas e espaços antes reservadas à administração serão utilizados para acomodar os estudantes.

Outras medidas emergenciais também foram propostas pela vereadora Lenir de Assis (PT), juntamente com representantes da Comissão de Defesa dos Direitos das Mulheres, e apresentadas a Secretaria de Educação. Entre as medidas definidas em reunião, realizada na última semana de 2012, estão a utilização de espaços alternativos das comunidades, como anfiteatros e salões paroquiais, para atender os alunos e ampliação do número de alunos por sala.

A secretária de Educação explica que a viabilidade de aplicação das propostas está sendo avaliada. “É preciso avaliar os casos um a um para se certificar de que não ferem as normativas da Vigilância Sanitária em relação ao tamanho das salas de aula.” Ela também reforça que as medidas têm caráter provisório e que a Secretaria já planeja ações para a solução definitiva do problema. “Duas novas escolas, nos jardins Vicente Palloti e Belle Ville, já estão prontas e estamos com nove novas escolas aprovadas para construção já em 2013”, afirma Janet Thomas.

Turno intermediário traz prejuízo

Para a pedagoga Gilmara Lupion Moreno, a falta de planejamento, que forçou a adoção destas medidas provisórias, pode afetar também o processo de aprendizagem. Ela explica que um ambiente de estudo agradável é fundamental neste processo. “Sem essa condição mínima, o aluno poderá se sentir desestimulado, e esse desinteresse pode afetar seu aprendizado”, afirma a pedagoga.

Sobre a implantação do terceiro turno, Gilmara acredita que os prejuízos serão para pais e professores. “Este turno intermediário, compreendido entre 11h30 e 14h30, dificultará para os pais buscarem seus filhos na escola, já que costuma ser horário de trabalho”. Já para os professores que assumirem este turno não será possível trabalhar em outros horários, o que, segundo Gilmara, é prática comum da maioria dos professores. “Nesses casos é importante avaliar qual vai ser o grau de satisfação deste professor”, diz.

Fonte: Jornal de Londrina