Improvisação no primeiro dia de aulas


Cerca de 38 mil alunos da rede municipal de Londrina, incluindo os Centros Municipais de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos (EJA), voltaram às aulas ontem. Devido à necessidade de contrato emergencial no transporte escolar rural, 241 alunos dos distritos de Irerê e Três Bocas (zona sul) não puderam ir para a escola, já que a empresa responsável pelos lotes pediu mais um dia para começar o serviço. Sete empresas são responsáveis por 14 lotes. 

"Eles nos avisaram que precisariam trocar os pneus. Como é uma questão de segurança, adiamos um dia. Mesmo assim, muitos alunos conseguiram ir para a aula, só os menores mesmo que faltaram", explicou a secretária de educação, Janet Thomas. 

Na Escola Municipal Professora Aracy Soares dos Santos, em Irerê, de acordo com o diretor José Aparecido Costa, alguns pais levaram as crianças de carro e até um ônibus que não estava previsto acabou fazendo o transporte. 

Outro contrato emergencial foi para merendeiras e neste primeiro dia a direção de várias escolas se prepararam para servir alimentos que não necessitassem de cozimento, como leite e bolachas. "Sabíamos que existia um risco e por isso nos articulamos, solicitando que pelo menos uma merendeira estivesse em cada escola. Funcionários da Educação foram direcionados e outras secretarias também ofereceram voluntários." 

Até o final da manhã, segundo Janet, todas as funcionárias já estavam contratadas e a previsão é de que hoje a situação esteja normalizada. A previsão da secretaria é que dentro de 90 dias as duas licitações estejam concluídas. 

Na Escola Municipal Eduardo Odebrecht, no Distrito de Warta (zona norte), o problema com a merenda foi com várias caixas de leite estragado. "Desconheço que tenha havido o mesmo problema em outras escolas. O leite estava dentro da validade e já foi substituído, mas as merendeiras estão preparadas para lidar com esse tipo de imprevisto", explicou. 

Estrutura 

Muitas escolas também começaram o ano letivo com o mato alto. De acordo com a secretária, foi feita uma denúncia contra a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização porque a companhia não teria autorização para cuidar das escolas municipais, apenas das ruas. "Por esse motivo eles tiveram que parar com o serviço nas escolas e agora precisaremos contratar uma empresa terceirizada. Aqui no Caic eu já fiquei sabendo que alguns pais virão no sábado para fazer a roçagem", disse Janet. 

Neste ano letivo, algumas escolas também precisaram fazer adequações para receber novas turmas do 5º ano do Ensino Fundamental. De acordo com a secretaria de Educação, são 198 novas turmas. 

"Retiramos os professores que atuavam em bibliotecas, secretarias e oficinas e levamos para a sala de aula. As escolas também precisaram adequar os espaços que antes eram bibliotecas ou salas de informática para receber os alunos. É importante frisar que as bibliotecas ainda existem nas escolas, mas estão em outros lugares", ressaltou a secretária. 

A Escola Municipal Carlos Kraemer, na Vila Casoni (Centro), foi um desses casos. "A biblioteca foi transferida para a antiga residência do caseiro e a sala foi disponibilizada para os alunos do EI6, que por sua vez cederam sua sala para as turmas do 5º ano", explicou a diretora Suelan Rodrigues Petrini. 

Janet afirmou que os professores que estavam alocados em outros órgãos já estão sendo encaminhados para as escolas. Também está em análise a criação de novos cargos para professores, para que os aprovados em concurso possam ser chamados. 

Vista Bela 

Segundo a secretária, das 412 crianças do Residencial Vista Bela (zona norte), apenas 160 conseguirão vagas em algum centro de educação infantil. "Infelizmente, por falta de planejamento da Secretaria de Educação, 252 crianças não terão acesso a creches. Eu tentarei obter recursos em Brasília para a construção de mais cinco unidades, quatro no bairro Morada de Portugal, que fica ao lado do Vista Bela, e uma no próprio residencial, mas na melhor das hipóteses, elas demorarão no mínimo um ano e meio para ficarem prontas", declarou. 

Uniformes 

Neste ano os alunos não poderão contar com a entrega de uniformes pela prefeitura. De acordo com Janet, não há orçamento disponível e as peças que estão lacradas são parte do processo judicial, por isso não podem ser entregues. Também não haverá entrega de kits escolares. "Distribuímos lápis e cadernos para as escolas repassarem para os alunos que precisam, como é feito todos os anos, mas não temos orçamento para demais materiais", lamentou. 

Segundo dados da secretaria, são 38.622 alunos da rede municipal, sendo 28.605 no Ensino Fundamental, 1.684 de CMEIs, 5.278 de centros filantrópicos e 3.055 são de Educação Infantil 6 (EI 6- antiga pré-escola).

Fonte: Folha de Londrina