Cuidado com sua postura no trabalho


Hoje é o Dia Mundial de Combate à Lesão por Esforço Repetitivo (Ler), ou como mais recentemente se passou a denominar, Distúrbio Osteo-muscular Relacionado ao Trabalho (Dort). É difícil encontrar um trabalhador que não saiba o que o termo significa, já que atualmente as empresas estão buscando cada vez mais prevenir o problema. Entre as profissões com maior incidência estão dentistas, digitadores, bancários, trabalhadores em linha de produção. 

Entretanto, segundo o cirurgião especialista em mãos, Paulo Marcel Yoshida, de Londrina, a LER não é uma doença, mas a causa de algumas patologias, como tendinites e a Síndrome do Túnel do Carpo, entre outras. "Qualquer esforço repetitivo é LER. Se você escreve bastante, isso pode causar lesão no seu braço. Se você corre ou anda muito e tem dor na perna, isso pode ser uma LER. A grande maioria das ocorrências é nas mãos e nos braços, cerca de 80% a 90% dos casos. Mas a dor nas costas, no pescoço também podem ser causados por esforço repetitivo", explica. 

Segundo o profissional, a dor é o primeiro sintoma de que algo não vai bem. Algumas patologias também apresentam formigamento, limitação de movimento e perda de força. Evitar o problema parece simples, mas ao mesmo tempo é difícil, já que está relacionado diretamente com o trabalho do paciente. 

"Como eu vou dizer para alguém que trabalha com computador para não usar? Não tem jeito. Por isso orientamos a fazer um intervalo maior entre os turnos de trabalho. Outra forma de prevenção é fazer alongamento, musculação, fisioterapia. O ideal é fazer uma atividade física que melhore o (sistema) aeróbico, o (sistema) cardiovascular, o (sistema) circulatório para melhorar a irrigação dos tendões, dos músculos e assim eles ficam mais fortes. Alongar também é importante", destaca o médico. Ele recomenda que a cada uma hora de trabalho seja feito uma pausa de cinco minutos. 

Tratamento 

A forma de tratamento vai variar de acordo com a patologia apresentada, mas, segundo Yoshida, a primeira opção é o uso de medicamentos, alongamento, fisioterapia, RPG, Pilates e acupuntura. "Em último caso recorremos à cirurgia. Nossa intenção é sempre prevenir o problema." 

Se até algum tempo era comum a aposentadoria por Ler/Dort, o profissional conta que cada vez menos as pessoas têm deixado o mercado de trabalho devido ao problema. "As empresas já se preocupam com mesas, cadeiras, telefones e as grandes também oferecem a ginástica laboral", justifica. Ele acrescenta que a LER/Dort também não é considerada acidente de trabalho e sim uma consequência do trabalho. "O INSS cada vez menos aceita esse tipo de patologia", afirma Yoshida. 

O médico alerta que a LER também é uma doença ligada ao emocional. "Você fica com muitas dores, demora para se recuperar, existe o estresse do medo de perder o emprego, são vários fatores que pioram o problema, que é também social." 

Para quem já desenvolveu alguma patologia devido à LER, o cirurgião afirma que mesmo nos casos mais graves é possível a cura. "Isso depende mais do paciente do que do tratamento médico. Quanto mais cedo procurar um profissional, melhor, pois menos tempo irá durar o tratamento também. Mas tem gente que espera um ano, ai fica mais complicado", alerta.

Fonte: Jornal FOLHA DE LONDRINA