Marcha de sindicalistas põe Brizola Neto em xeque


O encontro entre a presidente Dilma Rousseff e representantes das centrais sindicais previsto para amanhã terá o potencial de selar o destino do ministro do Trabalho, Brizola Neto (PDT). A reunião deve acontecer depois da marcha a ser organizada pelos sindicalistas em Brasília, na qual as centrais pressionarão o governo federal e o Congresso por avanços na agenda trabalhista. E servirá, segundo autoridades do Palácio do Planalto, de termômetro para demonstrar a Dilma qual o tamanho do respaldo político de Brizola Neto no meio sindical.

Para substituir o ex-ministro Carlos Lupi à frente do Ministério do Trabalho, lembram auxiliares da presidente, Brizola Neto prometeu a Dilma que uniria as principais centrais e garantiria o apoio do setor ao governo. À época, a promessa pareceu um bom negócio para o Executivo, uma vez que o PDT estava rachado, não dava total apoio ao governo no Congresso e tampouco conseguia apresentar um nome de consenso para suceder Lupi.

Até agora, porém, a avaliação do governo é que o desempenho de Brizola Neto não corresponde ao esperado. Como resultado, Brizola Neto tem sido incluído na lista de ministros que podem deixar o governo na reforma ministerial a ser realizada pela presidente nos próximos dias. Se os presidentes das centrais sindicais deixarem claro a Dilma sua insatisfação com o ministro, Brizola Neto perderá ainda mais a sustentação política que lhe levou ao primeiro escalão do governo e reforçará a imagem de que a ponte entre o Executivo e os sindicatos continua sendo feita pela Secretaria-Geral da Presidência da República.

O deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT), presidente da Força Sindical, é um dos exemplos da falta de coesão no meio sindical apontada pelo governo federal. Ontem, o parlamentar afirmou que atuará em conjunto com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), para modificar a Medida Provisória 595, conhecida como MP dos Portos. "Fizemos aliança para ter mais força no Congresso e mudar esse projeto", disse Paulinho, após reunir-se com o pernambucano em Olinda (PE).

Segundo o deputado, Campos criticou a perda de autonomia dos Estados para realizar licitações de áreas portuárias - essa prerrogativa passará a ser da União pelo projeto enviado ao Congresso - e a paridade de custos entre portos públicos e privados. O governador também sinalizou a favor de manter a contratação de trabalhadores por meio do Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo), uma das pautas de interesse do movimento sindical na MP.

Fonte: www.valor.com.br