Após seis meses, governo de Kireeff é alvo de críticas


Após seis meses à frente da Prefeitura de Londrina, o governo do prefeito Alexandre Kireeff (PSD) segue praticamente sem desgaste político, mas as cobranças por soluções de problemas práticos começam a aparecer assim como as críticas em relação à "gestão técnica", principal promessa da campanha eleitoral. 

Para o cientista político e professor Mário Sérgio Lepre, os entraves na área técnica são visíveis e as respostas têm sido lentas. Pendências de outras administrações e novos problemas começam a aparecer de forma persistente e as soluções não têm a mesma velocidade, como buracos de ruas, infestação de pombos, falta de médicos, o fechamento do restaurante popular e ineficiência nas licitações. Serviços importantes e com preços elevados continuam sendo prestados por contratos emergenciais, como a coleta do lixo, o transporte escolar rural e o fornecimento da merenda escolar (neste caso, a licitação foi concluída, mas o contrato ainda não foi assinado). Juntos, os contratos somam cerca de R$ 40 milhões por ano. 

"Na execução de ações e serviços, vemos os entraves típicos da administração pública que a promessa de gestão técnica ainda não conseguiu resolver", analisou Lepre, lembrando que Kireeff – que saiu do penúltimo lugar nas intenções de voto – foi eleito justamente por sua proposta de superar os problemas administrativos com a gestão técnica do município. "A dificuldade do governo está no fazer. E o governo precisa tomar cuidado, porque quem mais sente a efetividade da administração pública é quem está na ponta, como pacientes dos postos de saúde que não encontram médicos ou remédios." 

Para Lepre, "gestão técnica é um bom discurso de campanha, mas, na prática, a administração revela dezenas de problemas". "Um exemplo foi o caso da alteração de zoneamento do (supermercado) Angeloni: a gestão técnica mandava vetar o projeto, porque um terreno só não pode ser alterado. Mas, politicamente, a decisão foi deixada para a Câmara." 

O professor disse que ainda é possível fazer as "coisas caminharem". "Acho que seis meses é um tempo razoável para as coisas começarem a acontecer. Ainda não aconteceram, mas acho possível caminharem se o governo se mantiver coeso, sem um respingo de animosidade entre secretários e prefeito, como tem ocorrido, e neste ambiente de transparência." 

Aliás, disse o professor, o ponto positivo no governo de Kireeff é a tentativa de dar transparência aos atos da administração. "O prefeito foi eleito em razão disso e acredito que ele sabe que precisa manter essa postura. Não pode escorregar nisso."


Fonte: Folha de Londrina