Aluno é afastado por agredir diretora


O adolescente de 13 anos que agrediu a diretora da Escola Municipal Irene Aparecida da Silva, no Conjunto Jamile Dequech (zona sul), permanece afastado, pelo menos, até a próxima segunda-feira. A diretora chamou a Patrulha Escolar e registrou boletim de ocorrência (BO) na tarde do ocorrido. O menino possui um histórico de mau comportamento, agressões em colegas de classe e responde, inclusive, a um ato infracional na 2ª Vara da Infância e Juventude. Esse não é o único caso de "aluno problema" na escola, que fica em uma região de grande vulnerabilidade social de Londrina. 
De acordo com relatos de professores que não quiseram se identificar, na tarde da última terça-feira, o menor se recusou a sair da sala de aula quando ordenado pela diretora pelo seu mau comportamento. Ela, por sua vez, pegou a mochila do menino que, transtornado, começou a empurrar as carteiras, desferindo chutes e socos nela. Depois de agredi-la, saiu correndo da escola com a sua bolsa. Dois irmãos do garoto estudam na escola e também apresentariam comportamento agressivo, bem como outros alunos. 
De acordo com a secretária municipal de Educação, Janet Thomas, todas as medidas que cabem à secretaria foram tomadas. "Temos algumas limitações se tratando de um menor, mas o Conselho Tutelar já foi avisado, e tanto a família do menino quanto a diretora estão sendo acompanhados. Nos sensibilizamos com a situação de impotência e angústia da diretoria e de professores nessas situações, mas não podemos desistir dessa criança", disse, complementando que trabalhos de capacitação são desenvolvidos com educadores de regiões de conflito para que saibam como lidar em casos dessa natureza. A secretária não informou se o menino permanecerá estudando na escola. 
Os conselheiros tutelares que estariam acompanhando o caso não foram localizados, pois estavam em curso fora da unidade Sul. No telefone de plantão, atendido pelo membro Amauri Plath, a informação é de que a diretora foi aconselhada a registrar o BO, pois houve agressão, e um pedido de encaminhamento do menino ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas 2) foi solicitado, mas ainda sem retorno. A oitiva do menor será marcada nos próximos dez dias pelo Ministério Público (MP). Caso o MP decida que houve outro ato infracional, o menino também pode passar a cumprir medida socioeducativa ou, até mesmo, ser recolhido. 
Desafios
Para Janeslei Albulquerque, secretária de Formação Política Sindical do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP), as situações de agressão são reflexo de uma sociedade individualista, consumista e imediatista. "Houve ainda uma omissão do Estado nas políticas públicas, principalmente na década de 90, na qual outras forças se institucionalizaram. Hoje, os valores reforçados por essa cultura mercantilista colocam todas as relações sociais em xeque, incluindo a autoridade que os professores tinham. É preciso repensar urgentemente não só a escola, mas nas condições de trabalho e perspectivas para os jovens."
Fonte: Folha de Londrina