Número de servidores municipais afastados reduz em Londrina


Dez meses depois de reconhecer e divulgar que 350 servidores municipais estariam afastados por mais de dois anos, a Prefeitura de Londrina e a Caixa de Assistência, Aposentadoria e Pensões dos Servidores Municipais de Londrina (Caapsml) ainda não se entendem quanto à real quantidade de funcionários fora do trabalho por mais de 24 meses por problemas de saúde.

Dados atualizados da Secretaria de Gestão Pública afirmam que, de 1º de setembro de 2011 a 31 de agosto de 2013, 42 servidores da Prefeitura foram afastados, sendo metade na Secretaria de Saúde. Porém, de novembro de 2012 - época em que a Caapsml divulgou o alto número de afastados - até agora, o órgão fez 70 juntas médicas, instrumentos de análise que reavaliam a condição de os servidores serem realocados para outras funções ou aposentarem por invalidez. Desse número, 39 ganharam aposentadoria, 26 encaminhados para readaptação e 5 mantidos no afastamento por mais um período. Nove juntas foram feitas entre novembro e dezembro do ano passado, as outras 61 neste ano.

As informações da Secretaria e os antigos dados revelados pela previdência dos servidores não batem: o número de afastados, que deveria ser de 280 com as deduções, despencou para 42 em agosto. Para que isso ocorresse de fato, a Caapsml deveria ter feito 308 juntas, número quatro vezes maior do que as que foram realizadas.
Na época, as informações foram divulgadas pelo ex-superintendente da Caapsml Walter Marcondes Filho. Ele comandou o órgão por aproximadamente 100 dias, de setembro a dezembro de 2012. O valor perdido pela Prefeitura com os afastamentos seria de R$ 1 milhão mensais, segundo afirmou Marcondes na ocasião.

Procurado novamente pela reportagem, ele esclareceu que o número encontrado poderia ter sido ainda maior se o trabalho tivesse continuidade. “Na época, achamos 350, mas poderíamos ter achado mais se eu não tivesse saído em dezembro, uns 500, talvez”, alertou.

Desencontro

Denílson Vieira Novaes, atual superintendente do órgão e ex-secretário de Gestão Pública na mesma época em que Marcondes assumiu a Caapsml, rechaçou a validade dos argumentos. “Em janeiro, quando assumi tentei verificar a veracidade desses números, mas não achei nada que comprovasse. É uma situação desconfortável, mas realmente não sei.”

Ainda segundo ele, a Caapsml não teria “ferramentas” para quantificar quantos funcionários estariam afastados. “Isso é de competência da Gestão Pública”. O papel da Caapsml se restringiria somente à avaliação dos servidores na convocação das juntas. “A Caapsml fez todas as juntas que a Gestão Pública encaminhou. Não temos pendências com relação a isso.”

Ex-diretor da Diretoria de Gestão de Saúde Ocupacional (DGSO) na época do levantamento da Caapsml, Roberto Pintor negou que tenha encaminhado essa quantidade de laudos. “Esse número (350) é da Caapsml. Nós só enviávamos os laudos dos servidores que estavam afastados por mais de dois anos”, explicou.

Dificuldades da gestão manual

Essa “dificuldade de controle” reside na falta de um sistema digital de gestão de pessoas – a Prefeitura ainda utiliza folha-ponto para o controle do efetivo – e também na sobrecarga de trabalho da Gestão Pública. A secretaria engloba tanto a gestão dos contratos do Município quanto a dos recursos humanos, concentrada na Diretoria de Recursos Humanos (DRH). “Cada diretoria da Prefeitura controla as folhas-ponto dos funcionários e depois encaminha à Gestão. Gerenciamos cada um dos 8.600 funcionários da Prefeitura de forma manual”, explicou o secretário de Gestão Pública, Rogério Dias.

A saída para esse impasse viria com um sistema informatizado, igual ao utilizado por empresas na gestão de funcionários. “Estamos desenhando esse novo sistema. A intenção é que ele seja instalado junto com a Secretaria de Recursos Humanos”, adiantou.


Fonte: Jornal de Londrina