Cortes em escolas municipais geram revolta


Uma circular interna enviada pela Secretaria Municipal de Educação na última sexta-feira deixou muitos professores e gestores indignados. A CI ordenava que houvesse remanejamento de docentes nas escolas para acabar ou diminuir as horas extras pagas pela administração. Dessa forma, a secretaria nominou funcionários que deveriam deixar seus postos ou assumir salas de aula, sobretudo nos casos dos professores que atuam em bibliotecas, laboratórios de informática e pedagogos. Curiosamente, a CI foi enviada três dias após o prefeito Alexandre Kireeff anunciar a assinatura de um decreto que vai garantir o alinhamento da "hora atividade" dos professores municipais para 33% na carga horária padrão, em 2014, o que hoje não passa de 20%. 
O problema, segundo professores ouvidos pela FOLHA, é que as horas extras são feitas porque não há professores suficientes para atender todas as turmas. "As horas são referentes às aulas que eles estão dando efetivamente; não trata-se de trabalho que não deram conta e estão fazendo em outro horário. Com a saída dos profissionais da biblioteca, por exemplo, os alunos ficarão sem atividades como a "Hora do Conto", já que ninguém foi colocado no lugar. Nesse período é que os professores regentes (aqueles que ficam em sala de aula) aproveitam para preparar o conteúdo, corrigir provas, previsto em lei e, que ainda, não acontece de forma integral", comentou a diretora Joselita Marques Fritz, da Escola Municipal Eugênio Brugin, no Conjunto São Lourenço (zona sul). 
No local, estudam 687 crianças, num total de 32 turmas. A escola continuou com a defasagem de seis professores, mesmo com o recebimento de cinco profissionais no segundo semestre deste ano. Com a mudança, passou para nove o número de professores "faltantes". "Até agora não vieram mais professores; não tenho como remanejar mais. O ano que vem teremos que fazer milagre para que os professores usufruam dos 33% de hora atividade", desabafou Joselita. 
Na Escola Municipal Ruth Lemos,no Conjunto Luiz de Sá (zona norte), de acordo com a diretora Ivanete da Silva Teixeira, o problema é parecido. Com mais de 800 alunos, a escola precisaria de, no mínimo, mais seis professores para atender todas as turmas, de maneira que nenhum fizesse hora extra. "Ainda que tivéssemos o número exato, passamos constantemente por situações corriqueiras como a falta de algum professor por atestado médico ou licença. Nesse caso, quem substitui é a supervisão. Se ficarmos sem ninguém nesse cargo, que também tem outras atribuições de extrema importância, não sei como iremos resolver. Além disso, os professores novos que recebemos foram para trabalhar em vagas em que não havia ninguém e não para substituir os que foram cortados." A diretora iria enviar um relatório à secretaria a fim de tentar reverter a situação, pois foi informada de que alguns pedidos seriam avaliados novamente. 
Contratação
A secretária municipal de Educação, Janet Thomas, rebateu as reclamações dos gestores e professores e argumentou que "todos os serviços serão mantidos e não haverá prejuízo às escolas e alunos". "No começo do mês de outubro mandamos uma primeira CI orientando que os gestores fizessem um remanejamento interno e trocas dos profissionais de postos para diminuirmos as horas extras muito altas que eram pagas. Somente aqueles que não se organizaram ficaram sem o serviço", explicou. 
Janet acrescentou que o município contratou 434 novos professores contratados desde o início do ano já estão trabalhando e outros 175 devem iniciar as atividades no início de 2014.
Fonte: Folha de Londrina