Educação corta horas extras e fecha bibliotecas e salas de informática


A economia nas contas públicas da Prefeitura de Londrina chegou às salas de aula. Cortes nas horas extras de professores provocaram o remanejamento de educadores e o fechamento de bibliotecas e laboratórios de informática. Além disso, a medida retirou da sala de aula, quase no fim do período letivo, professores que acompanhavam os alunos desde o início do ano.

A decisão chegou por meio de uma circular interna, na última sexta-feira, e pegou diretores e professores de surpresa. De acordo com a diretora pedagógica da Secretaria Municipal de Educação, Mariângela Bianchini, a necessidade da economia foi detectada pela Secretaria Municipal de Fazenda, que decretou os cortes. “Nossos gastos com horas extraordinárias já excederam o limite e, por isso, foi decretado o corte e o remanejamento dos servidores”, explicou.

Segundo ela, os professores auxiliares, que são responsáveis, entre outras coisas, pelas bibliotecas e salas de informáticas, são os alvos desse corte. “Cada escola está sendo tratada particularmente porque cada uma tem uma situação diferente com relação a esses profissionais”, acrescentou Mariângela. Os professores que trabalham com horas extras são aqueles que têm, além da carga horária normal, um turno disponível para trabalhar nas escolas.

Educadores de apoio, que reforçam o atendimento a alunos com necessidades especiais, também foram atingidos pela medida. De acordo com a diretora da Escola Municipal Eugênio Brugin, Joselita Marques Fritz, a docente que atendia um aluno especial trabalhava com horas extras e foi substituída pela professora que cuidava da biblioteca, que agora está fechada. “Esse aluno tem, por lei, o direito de ter o professor de apoio, por isso a substituição. Mas ele desenvolve uma relação afetiva com aquele professor que já o acompanhava”, explicou.

Além do professor de apoio, a Eugênio Brugin perdeu um auxiliar de supervisão. Segundo Joselita, a indignação de diretores e servidores não é pelas horas extras, mas pelas necessidades dos alunos. “A secretária [de Educação, Janet Thomas] diz sempre que a prioridade é o aluno, mas não é o que estamos vendo”, lamentou.

A secretária Municipal de Educação, Janet Thomas, garantiu que nenhuma escola vai deixar de ter serviços como biblioteca e sala de informática. Segundo ela, professores que tinham um valor de hora extra elevado, devido ao tempo de serviço, estão dando lugar para professores recém-contratados. “Houve a contratação de 600 professores e eles foram para as escolas, que deveriam ter remanejado, o que não ocorreu. Então, nós nomeamos quem tem que ser retirado”, explicou.

Para o presidente do Sindicato dos Servidores Municipais, Marcelo Urbaneja, a secretária confunde a população ao incluir no problema a contratação dos novos educadores. “A situação é outra. Esses professores contratados estão preenchendo vagas nas salas de aula. Os professores das bibliotecas estão sendo retirados, sem colocar ninguém no lugar”, ponderou. “Essa é uma medida totalmente equivocada, que não leva em consideração o caráter social da educação”, avaliou.

Em nota, enviada ontem no fim da tarde, a Secretaria de Educação afirmou que os remanejamentos de professores não vão provocar prejuízos no desempenho dos estudantes.

Hora do Conto acaba sem final feliz

Além de causar um grande impacto na rotina das salas de aula, o corte de horas extras, e o consequente remanejamento de servidores, prejudica projetos importantes. Na Escola Municipal Eugênio Brugin, a diretora não sabe como terá continuidade “A Hora do Conto”, projeto de leitura diretamente afetado pelo remanejamento do professor da biblioteca. “É uma atividade diferente, que estimula a leitura e que era realizado por uma professora treinada”, explicou a diretora Joselita Marques Fritz.

A “Hora do Conto” existe na rede municipal londrinense há muitos anos, no entanto, seu desenvolvimento não era obrigatório e a mediação não era feita pela Secretaria Municipal de Educação. A Biblioteca Pública fazia o intermédio. A atividade é realizada com todas as turmas, pelo menos uma vez por semana e envolve alunos e professores, possibilitando uma formação continuada aos professores das escolas e o hábito de leitura nos alunos. 


Fonte: Jornal de Londrina