Fadiga constante é sinal de doença ou sedentarismo


Fim de tarde, fim de noite, fim de ano. A sensação de fadiga parece comum em situações como essas, principalmente depois de um dia inteiro de trabalho, de uma jornada de estudos, de um ano corrido e cansativo. O cansaço aumenta se as atividades desenvolvidas ao longo desses períodos são estressantes, extenuantes. Comum, esse tipo de cansaço pode preocupar se for frequente. Aí o sinal de alerta acende e é recomendável procurar um médico, pois a fadiga é também sintoma de diversas doenças, graves inclusive.
É que a fadiga pode alterar o funcionamento das células, um processo conhecido como respiração celular, o qual produz a energia para o corpo. A explicação é do nutrólogo Leonardo Higashi.
Dois dos principais fatores que desencadeiam esse tipo de cansaço são a depressão e a ansiedade. Segundo o neurologista Pedro Garcia Lopes, pessoas muito ansiosas não conseguem relaxar nem descansar. “Indivíduos assim, que estão sempre contraídos, deitam, dormem e pensam: ‘dormi 10, 12 horas, estou dormindo bem’, mas levantam cansados”, comenta.
As doenças do coração também têm como sintoma a fadiga, entre elas a insuficiência cardíaca. Cardiologista e médico do esporte, Adriano Ribeiro, explica que o cansaço é sentido por conta da dificuldade do coração em bombear o sangue. “Normalmente nosso corpo tenta preservar a irrigação de órgãos nobres. Não falta sangue no cérebro, no próprio coração, mas na musculatura sim, causando a sensação de fadiga”, aponta Ribeiro.
Na área que compreende doenças da pneumologia é comum a fadiga ser consequência da falta de ar, ressalta a pneumologista Janne Stella Takahara. O cigarro, por sua vez, também é vilão, já que pode causar doenças pulmonares, e consequentemente, o cansaço. “Ele [o cigarro] causa câncer de pulmão, enfisema, bronquite crônica, altera estrutura do sono. Mas não é o cigarro em si que causa fadiga”, afirma.
O hipotireoidismo e o diabetes também têm como um de seus primeiros sintomas a fadiga. A glândula tireoide é reguladora do metabolismo e da atividade dos órgãos e tecidos. “Ela é como se fosse uma bateria do nosso corpo. Se o hormônio da tireoide está em falta os processos ficam mais lentos e a pessoa se sente fadigada, sem disposição, com muito sono”, diz o endocrinologista Leandro Diehl.
No caso da diabetes, é possível tê-la durante anos sem sentir qualquer sintoma. Mas quando aparecem, a fadiga dá as caras. Isso acontece, segundo Diehl, porque a doença prejudica a entrada da glicose nas células. A substância fica retida no sangue, deixando quantidade insuficiente de açúcar na corrente sanguínea.
Para identificar o significado da fadiga que a pessoa está sentindo, devem ser analisados alguns aspectos: dieta adequada, sono, prática de atividade física e recuperação de energia. “É bom procurar ajuda médica para ver se tem alguma doença que esteja levando a essa fadiga”, sugere a pneumologista Janne Stella Takahara. “Tem que fazer uma série de exames de sangue para detectar a causa, pois tem muita coisa que provoca fadiga”, diz o neurologista Pedro Garcia Lopes.
Sedentarismo leva ao cansaço
Além de indicar o sintoma de alguma doença, a fadiga pode ser o resultado de algum mau comportamento. Em casos de atividade física, o cansaço é comum, mas o sedentarismo tende a aumentar essa sensação, principalmente quando a pessoa não está acostumada a exercícios físicos. Isso ocorro porque, do ponto de vista fisiológico, a pessoa está despreparada para o esforço.
Alguns dos aspectos do organismo, ao longo da atividade, são o aumento da frequência cardíaca, a dilatação dos vasos sanguíneos e a contração muscular. “Se você é sedentário de não fazer nada, acorda, vai para o trabalho de carro, fica sentado e volta para casa, seus sistemas pulmonar, cardiovascular e muscular estão preparados para isso”, explica Adriano Ribeiro, cardiologista e médico do esporte.
Segundo o nutrólogo Leonardo Higashi, uma alimentação não balanceada, com deficiência de vitaminas e minerais, também pode ocasionar fadiga, assim como a presença excessiva de tóxicos no corpo e a desidratação.
Fonte: Jornal de Londrina