Efetivo do Gaeco cai pela metade até o fim de semana em Londrina


O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Londrina deve chegar ao final desta semana com desfalque de 50% do efetivo de policiais civis e militares. De acordo com o coordenador do órgão, o promotor Cláudio Esteves, dos dez policiais que existiam, dois já saíram, obedecendo ao cronograma imposto pela Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), na política de “rodízio” de pessoal, e outros três saem até o fim deste mês. Depois de atritos entre o Ministério Público (MP) e o secretário estadual Cid Vasques, o governo paranaense decidiu implantar um “rodízio” de policiais: o tempo máximo de permanência no Gaeco é de dois anos, o que, para o MP, inviabiliza o grupo.

Originalmente, o Gaeco de Londrina contava com quatro policiais civis (um delegado, uma escrivã e dois investigadores) e seis policiais militares (um capitão, um tenente e quatro policiais, entre cabos, sargentos e soldados). O MP entra com dois promotores. “Como diz o procurador Leonir Batisti [chefe do Gaeco no Estado], as polícias têm cerca de 20 mil integrantes. Por que se preocupar com 60?”, salientou Esteves.

Em Londrina, o Gaeco toca atualmente 150 investigações, que tratam desde o tráfico de drogas relacionado a facções criminosas até crimes cometidos por agentes públicos. Esteves estima que, desse total, dois terços (em torno de cem) iriam para a Polícia Civil em caso de desmonte do Gaeco. Questionado pelo JL sobre a capacidade de absorção desses inquéritos, o delegado-chefe da 10ª Subdivisão Policial, Márcio Amaro, não quis comentar. Disse apenas que o assunto está sendo tratado pela Sesp

Adaptação
Segundo Esteves, os policiais demoram cerca de um ano para se adaptar ao serviço no Gaeco. Se o tempo máximo de permanência no órgão é de dois anos, será um para treinamento e outro para atuação. “Não compensa para o poder público”, afirmou.

Na próxima quinta-feira, procuradores e promotores do Gaeco vão se reunir em Curitiba para decidir se mantêm ou não o órgão no formato atual. Há duas teses em disputa: a primeira é a de que, se o governo do Estado não recuar, o vínculo deve ser desfeito imediatamente. Esta é a tese majoritária. A segunda visão é a de que a divisão vá “morrendo aos poucos”.

Repercussão
Na avaliação do advogado Carlos Scalassara, que atuou em movimentos como o “Pés Vermelhos, Mãos Limpas”, no caso Ama/Comrub, a política que inviabiliza o Gaeco “é um retrocesso gravíssimo, tendo em vista a função estratégica que o órgão tem cumprido no combate à corrupção e ao crime organizado de um modo geral”. O advogado defende que “o governador reveja urgentemente” a política de rodízio e que a sociedade se mobilize contra a medida, que é altamente prejudicial ao combate ao crime organizado.

Ele compara o desmonte do Gaeco à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37, que tirava do MP o poder de investigação. “É mais um obstáculo no combate à criminalidade.”

Fonte: Jornal de Londrina