Vandalismo expõe insegurança em escola


Um novo, e desta vez, mais agressivo ato de vandalismo cometido em pleno horário de aula assustou alunos, professores e funcionários, revoltou os pais e trouxe à tona os flagrantes problemas de segurança da Escola Municipal Maria Cândido Peixoto Salles, no Jardim Santa Fé (zona leste de Londrina). Segundo testemunhas, um grupo de quatro adolescentes moradores do bairro arremessou um artefato explosivo de fabricação caseira na parede externa de uma das salas de aula localizadas ao lado da quadra esportiva. O artefato explodiu e o fogo entrou pelas frestas das janelas, boa parte delas com os vidros quebrados, e consumiu a cortina de pano que as reveste. 

Felizmente, não havia ninguém na sala de aula. Eram 10h30 e as crianças estavam no intervalo. Uma professora que estava na biblioteca ao lado utilizou um extintor de incêndio para conter as chamas assim que percebeu a fumaça que já invadia o pátio externo. Minutos depois, uma viatura do Corpo de Bombeiros controlou o fogo e isolou a sala. A professora foi encaminhada a um hospital porque teria inalado muita fumaça. 

Segundo funcionárias da equipe de limpeza, a escola tem sido alvo frequente de vandalismo desde que o serviço de vigilância interna foi suspenso pela Prefeitura. "A gente vê direto a molecada ‘tacandoÂ’ pedra. Além dos vidros das janelas, o telhado está todo quebrado. Quando chove, entra água direto aqui", dizia uma das servidoras enquanto ajudava a lavar a sala interditada. Uma outra funcionária contou que "antigamente dois vigias se revezavam no período de 24 horas, depois ficaram num turno de 12 horas, das 7 às 19. Agora nem isso tem. Quando percebeu que não tinha mais vigia, a molecada começou com essas coisas", denunciou. 

Cansados da onda de vandalismo, representantes da Associação de Pais e Mestres (APM) e do Conselho Escolar estiveram no colégio ainda pela manhã cobrando providências por parte da direção e anunciaram que os alunos do turno da tarde não iriam às aulas ontem – o que de fato ocorreu. Eles ainda marcaram uma reunião extraordinária para o início da noite com a diretoria da escola e a Secretaria de Educação. 

Vulnerabilidade
A reportagem apurou que a comunidade escolar já vinha reivindicando perante à Secretaria o retorno de pelo menos uma equipe de vigilância para fazer a ronda interna da escola, e que depois da última solicitação é que um vigia passou a trabalhar nos finais de semana. Basta uma caminhada pela área interna para observar a vulnerabilidade da escola. O portão externo de acesso à quadra esportiva foi arrancado, permitindo o livre acesso ao interior da escola de qualquer um que esteja passando pela rua. 

Além disso, os alambrados do ginásio estão deteriorados e uma das grades que separam a quadra do corredor externo de algumas salas de aula também foi arrancada. Funcionários da escola acreditam que os adolescentes teriam entrado por ali para arremessar o artefato explosivo. 

Moradora a algumas quadras da escola municipal, a dona de casa Maria Cordeiro Errerias tem um neto de 6 anos matriculado na primeira série. Ela disse que ficou assustada com o novo ato de vandalismo. "Deus me livre se as crianças estivessem na sala de aula. Não dá nem para imaginar", disse. Outra vizinha do colégio, Thais Tatiane da Silva, cobrou mais segurança na área. "Tem que ter mais segurança, infelizmente as pessoas do próprio bairro não têm consciência de atacar um espaço é que para atender eles mesmos", comentou a dona de casa, que tem uma filha na creche próxima à escola. 

Fonte: Folha de Londrina