André Vargas viajou em avião emprestado por Youssef, segundo PF


O deputado federal André Vargas (PT), de Londrina, viajou no avião do doleiro Alberto Youssef, pivô da Operação Lava Jato, no início de janeiro deste ano para João Pessoa, na Paraíba. A viagem teria sido discutida em uma conversa entre Vargas e Youssef em um serviço de mensagem de texto, em 2 de janeiro, de acordo com investigações da Polícia Federal. As informações foram divulgadas, nesta terça-feira (1º), pela Folha de São Paulo.
Em entrevista ao jornal, o deputado afirmou desconhecer se o avião no qual viajou pertencia ao doleiro. Vargas disse conhecer Youssef, já que os dois moram em Londrina, e que apesar de conhecê-lo há mais de 20 anos desconhecia com quem estava se relacionando. O doleiro foi preso em operação no início de março, que apurou um suposto esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões.
Vargas disse ainda que pediu o avião porque os voos comerciais estavam muito caros no período, mas que se lembra de ter pago o combustível utilizado na viagem. “Não tenho nenhuma relação com os crimes que ele eventualmente cometeu”, se limitou a dizer.
Na tarde desta terça-feira (1º), a Revista Veja revelou que o aluguel do Learjet 45, fretado para transportar a família do petista de Londrina a João Pessoa, na Paraíba, custou 100 mil reais. A coluna Radar online, da mesma revista, revelou ainda que Vargas teria procurado o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para reclamar que a Polícia Federal estaria promovendo vazamentos seletivos do inquérito da Operação Lava a Jato.
A conversa
De acordo com os documentos da Polícia Federal, em uma troca de mensagens em um aplicativo chamado “BBM”, Alberto Youssef é tratado pelo apelido “Primo". Ele teria agendado um voo para Vargas em um jato particular de prefixo PR-BFM, às 6h30 de 2 de janeiro. A mensagem originada pelo celular do doleiro diz: “Tudo certo para amanhã de manhã”. Na mesma mensagem, Youssef fornece o nome do comandante de voo e finaliza com os votos de “Boa viagem e boas férias”.
Em outra conversa investigada pela PF, Vargas e Youssef discutem assuntos relacionados à Labogen, empresa cuja folha de pagamento é de R$ 28 mil mensais e que, segundo a Operação Lava Jato, teria sido usada por Youssef para fazer remessas ilegais de U$ 37 milhões simulando importações.
Outro lado
No fim da tarde, Vargas respondeu questionamento da reportagem da Gazeta do Povo através de uma nota. Ele disse que conhece "Yousef há mais de 20 anos, como um importante empresário de Londrina. Temos relações sociais apenas, esporádicas. Procurei-o sabendo que ele havia sido dono de um hangar, e conhecia o meio. Foi a primeira vez que tratei com ele sobre assunto semelhante. Procurei reembolsar as despesas com combustível, em torno de R$ 20 mil, mas ele não aceitou. Farei um pronunciamento no Plenário amanhã [quarta] e estou à disposição da Câmara para esclarecer qualquer dúvida. Não sou alvo de investigação".
Fonte: Jornal de Londrina