Passeata reúne cerca de mil pessoas em Londrina


Cerca de mil pessoas, entre professores, servidores e alunos das escolas estaduais de Londrina, participaram de uma passeata pelas ruas da região central na manhã desta quinta-feira (24). A manifestação começou por volta das 10 horas na Avenida Juscelino Kubitschek e seguiu por pouco mais de uma hora até a Avenida Maringá, onde está localizada a sede do Núcleo Regional de Educação (NRE).

A passeata seguiu de forma pacífica pelas ruas de Londrina. Ao longo do percurso, professores gritaram palavras de ordem, especialmente direcionadas ao governador Beto Richa (PSDB). “O governo trocou a escola por bola” e “Educação na rua, Richa a culpa é tua” estavam entre as frases entoadas pelos grevistas.
A chefe do Núcleo Regional de Educação, Lúcia Cortez, havia dito no início desta manhã à reportagem do JL que iria receber os manifestantes. No entanto, durante toda a manifestação em frente ao prédio do NRE, Lúcia apenas ouviu os professores, mas não conversou diretamente com eles.
Professores e servidores das escolas estaduais prometeram uma nova passeata em Londrina para a manhã desta sexta-feira (25). A previsão é que a caminhada comece na Avenida Juscelino Kubitschek e siga até o Calçadão de Londrina. “Queremos que amanhã o número de pessoas aumente. Solicitamos a todos os professores para irem para a rua para mostrar ao governador, que estará amanhã [sexta-feira] em Londrina, o quão defasada está nossa categoria. Depois de 14 anos, temos uma greve geral no estado”, disse Antônio Marcos Gonçalves, presidente da APP-Sindicato em Londrina.
Professores reivindicam melhorias
Na avaliação da professora Mariana Oliveira, do Colégio Estadual Nilton Gonçalves, o apoio dos alunos à paralisação é impressionante. “Achei impressionante ver tantos alunos aqui apoiando e pedindo pela educação deles.”
Além das pautas já apresentadas pela APP-Sindicato, a pedagoga Marisa do Nascimento disse que a situação das escolas estaduais localizadas nas periferias é ainda mais grave. “Trabalho há 20 anos em escolas de periferia e do centro e posso garantir que o governo privilegia as escolas centrais. Quem acha que essas escolas estão ruins, não conhecem a realidade das escolas dos bairros mais afastados.”
Lucineia Barros defende que as condições de professores e funcionários das escolas estaduais estão cada vez piores. “Sinceramente, acho que demoramos para nos mobilizar. Faz 14 anos que tivemos a última greve geral e agora chegou a um ponto que não dá mais. O salário que nós professores recebemos é irreal e não atende ao custo de vida atual”, desabafou.
O professor Flávio Dancs, de Ibiporã, veio a Londrina para participar da manifestação. Contratado pelo regime de PSS há seis anos, Dancs afirma que ele e outros professores do PSS receberam um documento assinado pelo Núcleo Regional de Educação com ameaças sobre a adesão à greve. “Eles alegam que não podemos ter mais de sete dias parados. No entanto, a greve é um mecanismo legal, garantido na Constituição Federal”, defendeu.
Maioria aderiu à greve em Londrina, diz sindicato
A adesão dos professores à greve é vista de forma distinta pela APP-Sindicato e Núcleo Regional de Educação de Londrina. Segundo o sindicato, pouco mais de 80% dos 3 mil professores estão parados. “Muitos alunos que foram para a aula no primeiro dia de greve [quarta-feira (23)] já não apareceram nesta quinta. Temos diversas escolas que estão fechadas”, disse o diretor da APP-Sindicato, Edmundo Novaes, sem apresentar números.
Já Lúcia Cortez, chefe do Núcleo Regional de Educação, afirmou que apenas 12 das 73 escolas estaduais de Londrina estão totalmente fechadas nesta quinta-feira (24). “Mesmo assim, sabemos que nesses locais existem servidores que não aderiram à greve, mas que por serem minoria não têm condições de trabalhar.” Segundo ela, 34 escolas londrinenses funcionavam de forma parcial e 27 trabalhavam normalmente nesta manhã.
A estimativa da APP-Sindicato é de que 70% das escolas públicas de todo o Paraná haviam aderido totalmente à greve. A expectativa da categoria é de que a adesão aumente durante os próximos dias.
Levantamento feito pela Secretaria Estadual da Educação apontou que 22,34% das 2.149 escolas estaduais paralisaram totalmente as atividades na quarta e 53,5% das unidades da rede estadual tiveram greve parcial em todo o estado. A rede pública estadual tem 1.366.251 alunos matriculados e 73.595 professores e pedagogos.
Negociação com governo estadual não avança
O Sindicato dos Professores do Paraná (APP-Sindicato) se reuniu nesta quarta-feira (23) com o governador Beto Richa (PSDB) por mais de duas horas, mas a negociação não avançou. Está marcado para a tarde desta quinta (24) mais um encontro entre sindicato e governo do estado, no qual o poder público deve apresentar uma contraproposta à categoria.
Fonte: Jornal de Londrina